Anticorpos contra dengue reduzem chance de contrair zika

Comprovação é de um estudo liderado por pesquisadores de Pernambuco e da Bahia

sab, 16/02/2019 - 19:10
Divulgação/Secretaria Estadual de Saúde Vírus da dengue e da zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti Divulgação/Secretaria Estadual de Saúde

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Fiocruz Bahia, Fiocruz Pernambuco, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Escola Pública de Yale demonstrou que pessoas que possuíam anticorpos contra a dengue tinham menor probabilidade de serem infectadas pelo zika durante o surto. Ocorrido entre 2015 e 2016, o surto da zika foi uma das maiores emergências de saúde pública do Brasil.

A revelação de que a imunidade decorrente da infecção gerada pelo vírus da dengue protegeu indivíduos da zika foi obtida a partir do acompanhamento de 1453 pessoas, moradores do bairro Pau da Lima, em Salvador, Bahia. Na área utilizada para o estudo, 73% dos indivíduos tiveram contato com o vírus zika.

Os vírus da zika e da dengue compartilham várias semelhanças genéticas e circulam nas mesmas regiões. Segundo a Fiocruz, ainda estava em aberto uma questão-chave: se os anticorpos que são gerados a partir de uma infecção por dengue poderiam proteger as pessoas ou as tornam mais suscetíveis a uma infecção por zika. "Este estudo é o primeiro a avaliar esta questão e demonstrar que a imunidade à dengue pode proteger contra uma infecção por zika em populações humanas", disse Federico Costa, pesquisador visitante da Fiocruz Bahia e professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. A pesquisa constatou que quando o nível de anticorpos duplicava de uma pessoa para outra, havia redução no risco de infecção por zika em 9%.

O estudo indicou que, embora a taxa geral de infecção tenha sido alta em Pau da Lima, os pesquisadores descobriram grandes diferenças no risco de infecção pelo zika, em curtas distâncias. Dependendo de onde as pessoas viviam, as taxas de infecção variavam de um mínimo de 29% a um máximo de 83%. Os autores defenderam que, embora houvesse áreas da comunidade que não foram atingidas pelo zika durante o surto, a grande maioria da população estava infectada com o vírus altamente transmissível e por isso desenvolveu imunidade a esse vírus, o que, por sua vez, levou à extinção da transmissão e causou o declínio do surto. “A pandemia de zika criou altos índices gerais de imunidade a esse vírus nas Américas, o que será uma barreira para os surtos nos próximos anos”, disse Isabel Rodriguez-Barraquer, professora assistente da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

O estudo foi apoiado pela Escola de Saúde Pública de Yale, Ministérios da Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia do Brasil e os Institutos Nacionais de Saúde.

Com informações da assessoria

 

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