Brasil está no top 10 do ranking da obesidade infantil

Projeção OMS aponta que em 2025 o número de crianças obesas no planeta poderá chegar a 75 milhões

por Alex Dinarte qua, 05/06/2019 - 15:24
Divulgação Ministério da Saúde diz que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas Divulgação

Considerada uma epidemia global pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a obesidade infantil já atinge cerca de 40 milhões de crianças de 0 a 5 anos tanto nos países desenvolvidos como nos mais pobres. Além de outros quatro países do continente americano, o Brasil está entre as dez nações nas quais crianças e adolescentes sofrem com a  situação de sobrepeso. Dados do Ministério da Saúde mostram que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas.

Os números vão além. Uma projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que em 2025 o número de crianças obesas no planeta poderá chegar a 75 milhões. A nutricionista Vanessa Novais Mazetto atribui o aumento considerável do número de crianças obesas aos maus hábitos alimentares não só em casa como também nas escolas. "O lanche escolar não pode ser visto apenas como um 'lanchinho', pois as crianças fazem essa refeição no mínimo 200 vezes ao ano", comenta.

A nutricionista ainda alerta para a ingestão elevada de açúcar e produtos industrializados presentes da alimentação escolar. "[algumas escolas] Servem sucos de caixinha, refrigerantes, produtos com grande quantidade de açúcar, além das crianças estarem expostas às frituras, como coxinhas e outros salgados. Poucos pais se importam em colocar salada no prato ou frutas nas lancheiras".

A preocupação dos especialistas em nutrição também está nas doenças que, até pouco tempo, eram desenvolvidas em menor número durante a infância ou a adolescência. Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfatiza que, no estado fluminense, entre crianças obesas de 5 a 14 anos, 26% delas apresentaram acúmulo de gordura no fígado.

Para uma dieta saudável, a nutricionista Vanessa orienta que os pais devem se empenhar na reparação alimentar dos filhos. "Eles devem trazer a alimentação das crianças para o mais natural possível, incluindo frutas, verduras, vegetais, aumentar o consumo de água, diminuir o consumo alimentos industrializados, como os embutidos. Isso traz a reeducação alimentar não só das crianças como dos pais também", diz.

Não são apenas profissionais da nutrição que estão alarmados com os números da obesidade infantil. A psicóloga Sandra Regina Lustosa Tambara reconhece que o papel dos profissionais da saúde mental é fundamental, pois a doença está no grupo dos transtornos alimentares que se associam a transtornos mentais. "Nos casos de obesidade, vemos associações com ansiedade, depressão e, quando temos o oposto, como a anorexia, também consideramos um distúrbio alimentar, ligado a um distúrbio mental", comenta.

Para Sandra, grande parte dos problemas seriam resolvidos se pais e médicos deixassem de tratar a psicologia como um tabu. "O trabalho psicológico é totalmente preventivo para que a pessoa não chegue a fase adulta com problemas de insegurança. Muitas vezes, os pais não querem admitir que levam seus filhos ao psicólogo por achar que é algum problema com eles ou com a família."

A autoestima também passa a ser um problema para as crianças que estão acima do peso. "A autoestima é a estrutura da capacidade de lidar com as frustrações e uma criança com autoestima baixa, não se amando, não se sentindo forte e saudável pode levar isso para a vida adulta", diz Sandra. "O transtorno ainda pode permanecer no inconsciente e atrapalhar no enfrentamento de obstáculos futuros. Esta fragilidade fica na personalidade e isso é preocupante, pois queremos ter jovens que encarem desafios na vida”, declara.

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