ONU pede para Brasil proteger a Amazônia

"Estou profundamente preocupado com a Floresta Amazônica. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade", tuitou o secretário-geral da ONU

qui, 22/08/2019 - 18:20
HO Imagem de satélite de 20 de agosto de 2019 mostra fumaça e incêndios em vários estados do Brasil, inclusive Amazonas, Mato Grosso e Rondônia feita pelo Suomi NPP da NOAA/NASA usando o VIIRS (Visible Infrared Imaging Radiometer Suite) HO

A ONU pediu, nesta quinta-feira, proteção à Amazônia, onde incêndios florestais se proliferam, pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro criticar uma "psicose ambiental" promovida por ONGs que atuam contra os interesses nacionais.

"Estou profundamente preocupado com a Floresta Amazônica. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade", tuitou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira. "A Amazônia deve ser protegida", enfatizou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, também recorreu ao Twitter para definir os incêndios como uma "crise internacional".

"Nossa casa está em chamas. Literalmente. A Amazônia, pulmão de nosso planeta, que produz 20% do nosso oxigênio, está pegando fogo. Essa é uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir esta emergência nos dois primeiros dias" da cúpula do grupo, em Biarritz, na França.

A Colômbia ainda ofereceu ajuda para conter essa "tragédia ambiental".

"A tragédia ambiental no Amazonas não tem fronteiras e deve chamar a atenção de todos. Do Governo Nacional oferecemos aos países irmãos nosso apoio para trabalhar conjuntamente em um propósito que nos urge: proteger o pulmão do mundo", escreveu no Twitter o presidente Iván Duque.

O fogo tem se espalhado a cada dia no país: entre janeiro e 21 de agosto, 75.336 focos de incêndio foram registrados no Brasil, 84% a mais que no mesmo período de 2018, segundo dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse número mostra um aumento de 2.493 focos em comparação com a segunda-feira passada.

Bolsonaro, que nega a mudança climática e defende que as reservas indígenas e as zonas protegidas da floresta sejam abertas a atividades agropecuárias e à mineração, voltou a criticar a "psicose ambiental" que obstruiria o desenvolvimento do país.

"Essa psicose ambiental não deixa fazer nada. Eu não quero acabar com o meio ambiente. Eu quero é salvar o Brasil", afirmou ainda, defendendo a mudança de orientações em relação às últimas décadas.

Essas controvérsias ocorrem enquanto, em Salvador, é realizado um evento preparatório para a cúpula da ONU sobre mudança climática, que acontecerá em 23 de setembro, em Nova York, e a conferência climática da COP25, em Santiago, no Chile, em dezembro.

- Nero da Amazônia -

Na véspera, Bolsonaro levantou suspeitas de que as ONGs que recebem ajuda externa poderiam ter causado incêndios voluntariamente.

Nesta quinta, ficou indignado com publicações que teriam dito que eram acusações formais. "Nunca acusei as ONGs", afirmou, para depois esclarecer: "Eu disse que suspeitava das ONGs".

"Agora, me acusar como capitão Nero tocando fogo lá é uma irresponsabilidade, é fazer campanha contra o Brasil", acrescentou o presidente, na saída de sua residência em Brasília, referindo-se ao imperador Nero a quem algumas tradições atribuem o grande incêndio de Roma no século no I.

"Se o mundo lá fora começar a impor barreiras comerciais, cai nosso agronegócio (...), a economia começa piorar, a vida de vocês, editores de jornais, donos de televisões, vai ficar complicada como a vida de todos os brasileiros, todos sem exceção, é um suicídio o que vocês estão fazendo. A imprensa está cometendo um suicídio", enfatizou calmamente.

"Se era para fazer a mesma coisa que fizeram até agora, o povo tinha que ter votado em outras pessoas, o povo está com a gente, minha base é o povo", enfatizou.

Segundo especialistas, os focos de incêndio se intensificaram dentro de um quadro de rápido avanço do desmatamento na região amazônica, que em julho quadruplicou em relação ao mesmo mês de 2018, segundo dados do Inpe.

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