Em viagem pela Ásia, papa Francisco visita a Tailândia

O último papa a visitar a Tailândia foi João Paulo II em 1984

qua, 20/11/2019 - 08:48
Handout Papa Francisco ao chegar em embaixada do Vaticano em Bangcoc Handout

O papa Francisco chegou, nesta quarta-feira (20), à Tailândia, a primeira etapa de sua jornada asiática que também o levará ao Japão, uma viagem focada no diálogo inter-religioso e na eliminação de armas nucleares.

O avião que transportava o pontífice, o primeiro em mais de 30 anos a visitar esses dois países onde os católicos são minoria, aterrissou no final da manhã no aeroporto internacional de Don Mueang em Bangcoc, de acordo com uma jornalista da AFP a bordo.

Sorridente, Francisco foi recebido pelo vice-primeiro-ministro da Tailândia, Somkid Jatusripitak, e pelo ministro das Relações Exteriores, Don Pramudwinai.

Sua prima Ana Rosa Sivori, missionária há mais de 50 anos no reino, também estava presente.

"Ele me disse que estava feliz em me ver e por eu poder servir de intérprete", declarou Ana Rosa, que tem um bisavô em comum com o papa. "Sua visita não é uma honra para mim, mas para todos os tailandeses porque ele veio aqui para falar sobre tolerância religiosa".

Dezenas de jovens com as bandeiras da Tailândia e do Vaticano cumprimentaram Francisco, que pegou nos braços uma menina Hmong, uma das muitas minorias étnicas do país, em traje tradicional preto e rosa.

O papa então partiu para a embaixada do Vaticano, no centro da capital da Tailândia, onde "agora está descansando de sua longa jornada", segundo a irmã Ana Rosa Sivori.

Minoria católica

Tailândia e Japão foram evangelizados por missionários jesuítas em meados do século XVI, mas os católicos são ultra-minoritários.

Em uma mensagem aos tailandeses antes de sua partida, Francisco, de 82 anos, prestou homenagem a uma "nação multiétnica" que "trabalhou duro para promover a harmonia e a convivência pacífica, não apenas entre seus habitantes, mas também em toda a região do Sudeste Asiático".

Ele também disse que espera "fortalecer os laços de amizade" com os budistas. Na quinta-feira, ele se encontrará com o 20º patriarca supremo, Somdej Phra Maha Muneewong, em um local sagrado do budismo, religião praticada por 95% das pessoas no reino.

Ele também manterá conversas privadas com o primeiro-ministro, o general Prayut Chan-O-Cha, bem como com o rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn.

Francisco finalmente celebrará uma missa no grande estádio de Bangcoc para a comunidade católica do país, que tem cerca de 400.000 batizados.

Cerca de 50.000 fiéis - incluindo várias centenas de cristãos, membros da minoria karen vindos das províncias remotas na fronteira com Mianmar - devem estar presentes.

Armas nucleares "imorais"

Os karens que acompanho "não estão muito cientes. No momento, só estão preocupados em deixar seus arrozais no momento da colheita, mas terão orgulho de poder contar a experiência", relatou à AFP Paif, uma irmã karen, antes de embarcar na longa jornada para Bangcoc.

A sexta-feira será dedicada a reuniões com padres, religiosos e bispos do país, mas também a outra missa que ele celebrará na Catedral de Bangcoc, especialmente dedicada aos jovens.

Ele voará no dia seguinte para o Japão, um país que desejava conhecer desde a época em que era um jovem seminarista.

O ápice da visita será no domingo, dia dedicado a Nagasaki e a Hiroshima, as duas cidades atacadas há 74 anos com bombas atômicas americanas e que causaram a morte de 74.000 e 140.000 pessoas, respectivamente.

Nestas cidades, símbolos do horror da guerra, o papa argentino prestará uma comovente homenagem às vítimas dos primeiros e únicos ataques atômicos da história e suplicará ao mundo pela eliminação total das armas nucleares.

"Usar armas nucleares é imoral", clamou o papa antes de embarcar.

Esta será sua quarta viagem ao continente asiático, após ter visitado a Coreia, em 2014; Sri Lanka e Filipinas, em 2015; e Mianmar e Bangladsh, em 2017.

Com esta viagem, Francisco totaliza 51 países visitados desde o início de seu pontificado, afirmou o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Na aeronave, o papa enviará telegramas para as autoridades dos territórios por onde sobrevoará, entre eles Hong Kong, Taiwan e China.

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