Ataque atribuído a rebeldes mata 83 militares no Iêmen

Os huthis ocupam a capital, Sanaa, desde 2014

dom, 19/01/2020 - 14:40
MOHAMMED HUWAIS (8 jan) Rebeldes huthis apoiados pelo Irã em Sanaa MOHAMMED HUWAIS

Oitenta e três soldados iemenitas morreram em um ataque com míssil lançado neste sábado por rebeldes huthis contra uma mesquita na província de Marib, informaram fontes médicas e militares neste domingo (19).

O ataque acontece após meses de desescalada no conflito, em que, há mais de cinco anos, rebeldes huthis (apoiados pelo Irã) e o governo reconhecido pela comunidade internacional (apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita) se enfrentam. Os huthis ocupam a capital, Sanaa, desde 2014.

O ataque ocorreu em uma mesquita localizada no campo militar de Marib, durante a oração do anoitecer, informaram fontes militares. As vítimas foram levadas para o hospital de Marib, principal cidade da província de mesmo nome, onde fontes médicas e militares anunciaram um saldo de 83 mortos e 148 feridos entre os soldados.

O ataque ocorreu após uma ofensiva das tropas pró-governo contra os rebeldes na zona de Naham, ao norte de Sanaa, que contou com o apoio militar da coalizão liderada pela Arábia Saudita.

O presidente iemenita, Abd Rabbo Mansur Hadi, acusou os huthis pelo ataque, que classificou de "covarde e terrorista", segundo a imprensa oficial: "As ações vergonhosas da milícia huthi mostram sua recusa a alcançar a paz, porque entende apenas de morte e destruição e é o instrumento iraniano barato na região."

O presidente convocou uma alteração no "grau de vigilância" das forças leais ao governo. Os rebeldes huthis não reivindicaram a autoria do ataque.

Dezenas de milhares de pessoas, a maioria civis, já morreram no conflito no Iêmen desde 2015. Apesar de seus esforços, as Nações Unidas têm dificuldade em implementar um processo de paz naquele país.

Um acordo assinado em 2018 na Suécia, mediado pela ONU, levou a uma desescalada na cidade portuária estratégica de Hodeida, mas nem todas as suas cláusulas foram respeitadas.

Ainda assim, o enviado da ONU ao Iêmen, Martin Griffiths, constatou que, até o ataque de ontem, o Iêmen viveu um período de redução das atividades militares.

Cerca de 3,3 milhões de pessoas permanecem como refugiados internos e 24,1 milhões - dois terços da população - necessitam de assistência, segundo a ONU, que classifica o conflito no Iêmen como pior crise humanitária do planeta na atualidade.

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