Enfermeiros culpam governador por repressão à manifestação

Uma assembleia, marcada para a manhã desta quinta-feira (13), vai avaliar a possibilidade de uma passeata ou o retorno do bloqueio na Avenida Agamenon Magalhães, área central do Recife

por Victor Gouveia qui, 13/02/2020 - 10:20

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Após a ação do Batalhão de Choque que interveio na manifestação dos servidores de saúde do Estado e resultou na prisão do presidente do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), Francis Hebert, o vice-presidente da classe culpou o Governador Paulo Câmara pelo que classificou como uma ação "patética". Nessa quarta-feira (12), o grupo bloqueou a Avenida Agamenon Magalhães, no Centro do Recife, em frente ao Hospital da Restauração (HR), por cerca de 12 horas.

"Nós computamos todo o episódio patético de ontem ao Governador de Pernambuco Paulo Câmara", disparou o vice-presidente da Satenpe Gilberto Melo. Ele reafirmou os esforços e revelou que uma assembleia para traçar os novos rumos do movimento está marcada para a manhã desta quinta-feira (13), na entrada principal do HR. Na reunião será debatida a possibilidade de uma passeata ou o retorno do bloqueio à via, só que dessa vez de forma parcial, a cada 30 minutos. 

O representante da categoria, que há 14 dias cobra reajuste salarial e melhores condições de trabalho, alega força desproporcional da Polícia Militar para pôr fim ao ato. “Eles não chegaram para negociar. Simplesmente chegaram com o objetivo de deter o presidente sob a ‘pseudo’ alegação de que o sindicato estava descumprindo a ordem judicial”, descreveu, ao alegar que nenhuma notificação da Justiça foi recebida pelo Satenpe.

Com a correria, bombas de efeito moral e pessoas feridas, Gilberto voltou a criticar a postura do policiamento diante dos trabalhadores. "A ação foi desnecessária. Agrediram alguns companheiros e o filho do presidente, mas a polícia não toma essa atitude sozinha. O Batalhão de Choque recebe ordens do Estado”, frisou. O presidente Francis Hebert chegou a ser detido por desobediência, mas foi liberado após atuação de advogados.

A manifestação foi expandida- Com apoio de profissionais de outras regiões do Estado, o vice-presidente informou que as cirurgias eletivas do HR e do Hospital Regional de Limoeiro foram suspensas. “São cirurgias que muitas vezes, por ineficiência do Governo com a saúde pública, levam de quatro meses até um ano para serem realizadas”, explica.

Já o Hospital Regional do Agreste e a unidade de saúde de Garanhuns estão paralisados, revelou.



Resposta da Polícia Militar- Pro meio de nota, a PM, responsável pelo Batalhão de Choque relatou que os manifestantes descumpriram o acordo para liberar a via. Confira trechos do comunicado:



"O efetivo, ao chegar no local, conversou e negociou com os manifestantes, sendo a ordem cumprida pacificamente. Momentos depois, alguns manifestantes voltaram para a via, descumprindo o acordo firmado anteriormente, foi quando, os policiais tiveram que fazer uso de artefatos de efeitos moral, de luz e som".



"É importante salientar que não foram usados elastômeros e materiais químicos, como gás lacrimogênio e sprays de pimenta, visto que a manifestação se deu ao lado do HR".

"Na ocasião, ninguém ficou ferido, no entanto, o líder do sindicato foi detido e conduzido pelo batalhão da área, para a delegacia de Plantão, pelo descumprimento da ordem judicial".

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