Eslováquia vota em eleições legislativas contra corrupção
Segundo as pesquisas, o partido social-democrata Smer-SD, que lidera o governo cessante, corre o risco de ficar em segundo lugar, atrás do partido de oposição de centro-direita OLaNO, de Igor Matovic, que fez da luta contra a corrupção sua bandeira eleitoral
Os eleitores da Eslováquia votam neste sábado (29) para renovar seu Parlamento, na esperança de reduzir a corrupção em um país marcado pelo assassinato do jornalista investigativo Jan Kuciak em 2018.
Este assassinato do jornalista e de sua noiva Martina Kusnirova desencadeou protestos em massa que levaram à renúncia do primeiro-ministro social-democrata Robert Fico e abriram o caminho para a eleição para a presidência eslovaca da advogada e ativista anticorrupção Zuzana Caputova, em março passado.
Um rico empresário ligado à classe política é acusado de ser o cérebro por trás desses assassinatos.
Um tribunal eslovaco conduz o processo contra o empresário Marian Kocner, que era investigado pelo jornalista especializado em casos de corrupção.
Segundo as pesquisas, o partido social-democrata Smer-SD, que lidera o governo cessante, corre o risco de ficar em segundo lugar, atrás do partido de oposição de centro-direita OLaNO, de Igor Matovic, que fez da luta contra a corrupção sua bandeira eleitoral.
"Gosto da maneira como Matovic mostra o que está errado na Eslováquia. Acredito que ele trará uma mudança real ao país", disse à APF Daniela Khonasova, uma funcionária pública de 35 anos que afirma ter votado no OLaNO em Bratislava logo após o início da votação.
Enquanto seu partido OLaNO crescia rapidamente nas pesquisas, praticamente atingindo o nível do Smer-SD, seu excêntrico líder, Igor Matovic, colhia os frutos da indignação da população, da qual se tornou porta-voz após o assassinato de Kuciak.
De acordo com as últimas pesquisas, o partido de extrema direita LSNS, popular entre uma parte do eleitorado graças às suas posições contra as elites governantes, poderia dobrar o número de assentos e conseguir 20 na câmara, que conta com um total de 150.
Uma pesquisa do instituto AKO-Focus, publicada esta semana na República Tcheca, para contornar a proibição da divulgação de pesquisas de última hora na Eslováquia, ainda aponta o OLaNO com uma vantagem sobre o Smer-SD de 3,5% das intenções de voto.
Um analista político em Bratislava, Radoslav Stefancik, diz que "esta eleição traduz em primeiro lugar a aspiração por decência na política".
O crime de Kuciak "perturbou todo o cenário político, com o surgimento de novos partidos liberais e democráticos que imediatamente ganharam apoio popular", aponta outro analista, Grigorij Meseznikov, para quem esses partidos de oposição de centro-direita têm boas chances de formar um governo.