Biden relança campanha após vitória na Carolina do Sul
As perspectivas sobre quem será o adversário do presidente republicano, Donald Trump, nas eleições de novembro ficarão muito mais claras após a 'Superterça' de 3 de março
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden deu novo impulso à sua corrida à Casa Branca após obter, no sábado (29), uma vitória decisiva nas primárias da Carolina do Sul, confirmando-se como o principal adversário do favorito Bernie Sanders.
As perspectivas sobre quem será o adversário do presidente republicano, Donald Trump, nas eleições de novembro ficarão muito mais claras após a 'Superterça' de 3 de março, quando há primárias em 14 estados e se escolhe quase 30% dos delegados necessários para garantir a indicação na convenção de julho.
"Estamos muito vivos!", disse Biden, um moderado de 77 anos, a seus seguidores em Columbia, capital do estado. "Vocês lançaram Bill Clinton e Barack Obama à presidência. Agora me lançaram no caminho para derrotar Donald Trump. Esta campanha decolou".
"Temos a opção de ganhar muito ou perder muito", acrescentou, entre aplausos, sobre suas perspectivas contra Trump em novembro, em comparação com as de Sanders, senador de Vermont de 78 anos que se autodenomina "socialista democrático".
Com 100% das urnas apuradas, Biden obteve 48,4% dos votos contra 19,9% de Sanders, na segunda posição.
Em terceiro, com 11,3%, o ativista bilionário Tom Steyer, que, decepcionado com seu desempenho depois de investir mais de US$ 23 milhões em publicidade nesse estado, anunciou que irá se retirar da corrida
O ex-prefeito de South Bend (Indiana), Pete Buttigieg, que disputa com Biden o voto centrista, terminou em quarto lugar com 8,2%, à frente da senadora progressista de Massachusetts Elizabeth Warren, com 7,1%.
Ex-braço-direito de Obama, cujo legado prometeu continuar, Biden recebeu apoio crucial na Carolina do Sul, historicamente sua fortaleza política e onde a minoria negra representa 60% do eleitorado democrata.
O político precisava desesperadamente vencer nesse estado, depois de ser quarto em Iowa, quinto em New Hampshire e segundo em Nevada.
"A questão mais importante é se isso levará Joe Biden à vitória em alguns estados na Superterça", comentou Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia.
Para Andya Davis, eleitora do político veterano, não há dúvida de que sim. "Joe irá até o fim", disse à AFP a proprietária de um salão de beleza de 39 anos.
- Sanders vira a página -
Sanders, que lidera a corrida democrata depois de vencer em New Hampshire e Nevada e empatar virtualmente em Iowa com Buttigieg, parabenizou Biden por seu desempenho na Virgínia.
"Não podemos vencer todas", disse ele, insistindo no foco na Superterça. Segundo as pesquisas, deverá superar os demais competidores, especialmente em estados de peso como a Califórnia e o Texas.
Sanders, que neste domingo (1) fará campanha na Califórnia, também descartou os temores de alguns democratas de que poderia perder contra Trump, e observou que dezenas de pesquisas apontam sua vitória contra o presidente.
"Bernie energiza as pessoas. O problema será conseguir a indicação porque o Partido Democrata não a quer", opina Donna Boyd, uma empresária de 51 anos, depois de votar em Sanders, na Carolina do Sul.
Cerca de 700 "superdelegados", legisladores e figuras notáveis do partido terão que votar em um segundo turno na convenção do partido se Sanders ou qualquer outro candidato não obtiver o apoio da maioria absoluta (1.991) dos delegados exigidos no primeiro turno.
Trump não demorou a reagir no Twitter, observando que a vitória do "Dorminhoco Joe" deve marcar o fim da campanha de "brincadeira" de "Mini Mike Bloomberg", que compete pelo voto centrista com o ex-vice-presidente.
"Depois do pior desempenho de debate na história dos debates presidenciais, Mini Mike agora tem Biden dividindo seus muito poucos eleitores, levando muitos!", escreveu.
A equipe da Bloomberg observou, no entanto, que o ex-prefeito de Nova York não participou da primária na Carolina do Sul.
"Mike é o único candidato a fazer campanha nos 14 estados da Superterça nos últimos dois meses e estamos ansiosos pela terça-feira", disse em comunicado.
O bilionário de 78 anos, nona pessoa mais rica do mundo em 2019, segundo a Forbes, foi o último a lançar sua campanha no final de novembro. Mas já aparece em terceiro lugar nas pesquisas em todo o país depois de gastar 500 milhões de dólares de sua fortuna pessoal em publicidade.