Informações falsas afastam brasileiros da vacinação

Sete em cada dez pessoas acreditam em fake news e rejeitam vacina. Em Belém, especialista alerta para os riscos.

qui, 12/03/2020 - 12:35

Com um celular na palma da mão, por meio de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, em blogs e sites, a tecnologia possibilita o acesso rápido a milhares de conteúdos. Um dos problemas é saber filtrar essas informações, verificar o que é confiável e o que não é. As fakes news (em português, notícias falsas) espalham desinformação e afetam diretamente a cobertura vacinal e a prevenção de doenças.

De acordo com a oncologista Paula Sampaio, há uma insegurança da população por causa das notícias inadequadamente divulgadas a respeito dos possíveis efeitos colaterais e esquecendo os grandes benefícios das vacinas. “Em 2010, os óbitos por doenças infectocontagiosas e parasitárias caíram para 4% em relação aos 45% de 1930, graças ao desenvolvimento eficaz das vacinas, que hoje em dia nos protegem de diversas doenças”, disse.

Em 2019, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) realizou o estudo “As Fake News estão nos deixando doentes?”, com o objetivo de investigar a desinformação e a queda nas coberturas vacinais. A pesquisa descobriu que aproximadamente 67% dos brasileiros acreditam ao menos uma informação imprecisa sobre vacinação.

Entre os que não se vacinaram, 57% relataram pelo menos um motivo considerado como desinformação pelos profissionais da SBIm e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os mais comuns, nesta ordem, foram: “não achei a vacina necessária (31%)”; “medo de ter efeitos colaterais graves após tomar uma vacina (24%)”; “medo de contrair a doença que estava tentando prevenir com a vacina (18%)”; “por causa das notícias, histórias ou alertas que li on-line (9%) e “por causa dos alertas, notícias e histórias de líderes religiosos” (4%).

Douglas Santos, 19 anos, universitário, não se vacina desde os 5 anos de idade. Ele confessa que o maior motivo para não se vacinar é por ter visto reportagens de televisão que falam sobre vacinas conterem substâncias tóxicas causadoras de efeitos colaterais, e que podem originar outras doenças. “É uma questão de escolha. Sei da importância para a saúde e bem-estar, mas prefiro não arriscar a minha teoria. Caso um dia aconteça algo, vou arcar com as consequências”, declara.

Segundo Paula Sampaio, no Brasil e em outros países tem surgido um movimento antivacinas que é preocupante. “O que gostaríamos que acontecesse é um movimento contrário, com mais divulgação de qualidade, com aprofundamento específico necessário para continuar conscientizando a população de grandes benefícios que uma imunização pode trazer”, afirma.

“Como qualquer medicamento, não estamos livres de uma reação. Não vacinar o filho e ele ficar com uma meningite ou ter uma pneumonia grave e sofrer sequelas é tão ou mais grave do que expor à vacinação”, reitera a oncologista.

Para combater as fakes news, o Ministério da Saúde está disponibilizando um número de WhatsApp para envio de mensagens da população. Será um espaço exclusivo para receber informações virais, que serão apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira.

Qualquer cidadão poderá enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a informação procede, antes de continuar compartilhando. O número é (61)99289-4640.

Por Amanda Martins.

 

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