Bolsa de Valores: Entenda o Circuit Braker em meio ao caos

Mecanismo que suspende o mercado de ações quando há oscilações bruscas foi acionado quatro vezes entre a semana passada e esta segunda-feira (16)

por Alex Dinarte seg, 16/03/2020 - 16:38

A pandemia de gripe causada pelo coronavírus (Covid-19) e a briga entre os gigantes do mercado petrolífero Arábia Saudita e Rússia trouxeram caos às bolsas de valores, derrubando os negócios de muitos investidores ao redor do mundo. 

Um termo técnico em especial vem chamando a atenção durante os pregões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa): o “Circuit Breaker”. O procedimento, que suspende todas as negociações quando o mercado financeiro apresenta oscilações bruscas, teve que ser acionado em quatro oportunidades entre a semana passada e esta segunda-feira (16). De acordo com o professor do curso de Direito da Universidade Guarulhos (UNG), Victor Pegoraro, além de permitir que não haja mais prejuízos durante as sessões, o mecanismo funciona também como um amenizador de tensões. “O Circuit Breaker evita maiores perdas por parte dos investidores e que eles tomem decisões sobre compra e venda de ativos influenciados pela ansiedade”, destaca.

O recurso Circuit Breaker é posto em prática quando o índice Ibovespa, que é o mais importante indicador do desempenho do mercado financeiro no Brasil, sofre quedas maiores que 10%. Nesta situação, o mecanismo é acionado e suspende os trâmites por 30 minutos. Se o indexador seguir em baixa após este intervalo e chegar aos 15%, o procedimento volta a ser ativado e interrompe a sessão por uma hora. No caso de as ações continuarem em declínio e atingirem 20% de queda, o Circuit Breaker será colocado em prática pela terceira vez e a suspensão será então pelo tempo determinado pela B3, companhia formada em 2017 na fusão entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Bovespa e a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip).

Acionado no Brasil em momentos críticos nos anos de 1997, 1998, 1999, 2008 e 2017, o “Circuit Breaker” pode ser considerado um indício de que as perspectivas não são positivas em relação ao mercado financeiro do Brasil. Segundo Pegoraro, as oscilações e baixas repentinas podem interferir diretamente no cotidiano da população com o enfraquecimento da economia do país. “Quedas bruscas refletem o péssimo desempenho médio das maiores empresas durante as negociações, o que demonstra uma fragilidade da economia como um todo", considera. Ainda de acordo com o especialista, impactando no nível de renda da população, de empregos disponíveis, de arrecadação da máquina pública dentre outros indicadores socioeconômicos”, completa.

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