Ricardo Brennand contrai Covid-19 e morre aos 92 anos

A partir de um sonho de infância, fundou no Recife um dos museus mais conceituados do Brasil. O empresário deixa um legado de preservação e apreciação da arte

por Victor Gouveia sab, 25/04/2020 - 09:04
Divulgação Em maio do ano passado, ele foi homenageado na Câmara Municipal do Recife Divulgação

No início da madrugada deste sábado (25), o empresário Ricardo Brennand morreu, aos 92 anos, após sofrer complicações decorrentes do novo coronavírus. O fundador do instituto homônimo, que detém a maior coleção privada de pinturas do holandês Frans Post, estava internado na UTI do Real Hospital Português, na área Central do Recife, há pouco menos de uma semana.

Formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um canivete dado pelo pai ainda durante a infância, estimulou seu apreço pela arte e deu início a uma paixão por colecionar objetos antigos. Por mais de meio século, reuniu os mais diversos exemplares de arma branca, que também passaram a integrar o acervo do instituto.

Inaugurado em setembro 2002, o Instituto Ricardo Brennand (IRB), localizado no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, é uma homenagem ao tio Ricardo, pai do ceramista Francisco Brennand, falecido em dezembro de 2019 após complicações de uma infecção respiratória. Divido pelo Museu Castelo São João (museu de armas brancas), Pinacoteca, Biblioteca, Auditório, Jardins das Esculturas e uma Galeria para exposições temporárias, o espaço reúne obras de arte decorativas de diferentes culturas do mundo e tornou-se um dos maiores pontos de visitação de turistas de Pernambuco.

Casado com Graça Maria Monteiro Brennand, o colecionador teve 8 filhos, 20 netos e 32 bisnetos. Diante das restrições da pandemia, a família ainda resolve os trâmites para o enterro e estuda a possibilidade de cremação.

Após o decreto que exigiu o fechamento temporário de museus em Pernambuco, o IRB segue fechado por conta do novo coronavírus. Como herança, além de um extenso acervo que retrata parte da história Brasil, Ricardo deixa um legado de paixão pela cultura, preservação da memória e um exemplo de investimento na arte.

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