Evento on-line discute violência sexual infantojuvenil

Balanço anual do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) mostra que, em 2018, foram registradas 72.216 denúncias de abuso contra crianças e adolescentes no Brasil

sex, 08/05/2020 - 13:16

O Maio Laranja é o mês de alerta e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Por isso, o projeto Futuro Brilhante, que atende crianças em situação de vulnerabilidade e realiza palestras sobre violência sexual infantojuvenil, realizará o “I Congresso Brasileiro de Prevenção à Violência Infantojuvenil”, de 13 a 15 de maio, das 8 às 12h30. O evento será on-line. Os inscritos receberão o link de acesso por e-mail.

De acordo com o coordenador-geral do projeto Futuro Brilhante, mestre em segurança pública, Diego Martins, o objetivo do congresso é realizar a discussão de estratégias para a prevenção de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, e ao mesmo tempo conectar o público com o tema e estimular a troca de experiência entre os profissionais da área de Psicologia, Direito, Serviço Social e Pedagogia. “Conseguimos reunir um time de especialistas de várias partes do Brasil para discutir sobre diversas vertentes do abuso sexual infantojuvenil. Estarão presentes representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Tribunal de Justiça do Pará e do Rio Grande do Sul, do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e professores”, informa Diego.

Para Diego Martins, é relevante debater sobre o tema do abuso sexual infantojuvenil principalmente no contexto atual de pandemia. Isolamento, em muitos casos, faz com que vítima e abusador passem a conviver mais tempo, porque às vezes moram na mesma casa. “A criança ou o adolescente fica mais vulnerável por não frequentar a escola e não ter contato com outros familiares, dificultando identificação de mudanças abruptas de comportamento, como baixo desempenho escolar, má alimentação e distúrbio de sono”, afirma o coordenador do projeto Futuro Brilhante.

A psicóloga judiciária, mestre e doutora em Psicologia Cátula Pelisoli, palestrante do congresso, afirma que o abuso sexual é um problema de saúde pública por atingir todas as classes sociais e vitimar meninas e meninos de todas as idades. “O abuso sexual é uma violência que impacta bastante a vida das pessoas. Ele traz muitos danos ao psicológico da vítima, mexe com as questões emocionais e comportamentais. São sintomas e sinais que a vítima apresenta e carrega consigo para o resto da vida”, assegura.

Segundo Cátula Pelisoli, a identificação dos casos de abuso não é algo simples e requer muitos cuidados. Algumas mudanças podem sinalizar que “algo” está acontecendo, mas esse “algo” pode ser qualquer coisa até a sinalização de um abuso sexual. “A família tem o papel fundamental na identificação, pois percebe sinais da mudança no comportamento da criança ou do jovem. Se ele brincava muito e agora está deixando de brincar, se era falante e agora não se comunica mais, são alguns exemplos”, afirma. “Os familiares devem ficar abertos ao diálogo e ouvir a vítima”, complementa.

Dados do Disque 100 mostram que, em 2018, foram registradas 72.216 denúncias de violência sexual contra menores de idade. A maior parte (13.418 casos) é de abuso sexual e (3.675) de exploração sexual.

A palestrante Cátula Pelisoli vai tratar no congresso sobre as reações diante da revelação de abuso sexual, tema voltado para os profissionais da área. De acordo com a psicóloga judiciária, é importante deixar que a criança ou o adolescente expresse os sentimentos. “As pessoas fazem muitas perguntas e mostram desespero. A vítima precisa ter o tempo dela para falar e o adulto precisa demonstrar segurança e calma”, afirma.

Para a assistente social, especialista em violência doméstica contra crianças e adolescentes  e palestrante do congresso Sônia Bonfanti, é intolerável a violência contra crianças e jovens por violar os direitos de vida, respeito, igualdade, saúde, alimentação, educação, liberdade e lazer, que estão na Lei 8069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. “É importante não ser omisso aos casos de abuso sexual, porque isso marca a criança ou o adolescente instaurando uma ferida que fica aberta para sempre”, diz Sônia.

Sônia Bonfanti vai falar sobre o "Exploração Sexual Comercial contra Crianças e Adolescentes – ESCA". De acordo com a assistente social, por trás de uma criança e de um adolescente envolvendo a comercialização do corpo sempre tem um adulto que busca remuneração de forma fácil. O chamado turismo sexual é o mais marcante e envolve meninas de 9 a 12 anos que vendem o corpo para manter o sustento da família. “É uma violência que marca a fase de infância que deveria ser vivenciada com brincadeiras, com direito a uma alimentação saudável e direito a educação“, afirma a palestrante.

Segundo Diego Martins, no congresso haverá dois lançamentos: o primeiro é o cadastro de projetos e iniciativas que tenham como o objetivo a realização de ações para combater e prevenir a violência sexual e também possibilitar a replicação em outras cidades; o segundo é uma cartilha direcionada aos profissionais da saúde a identificar possíveis sinais de abuso não determinados, para que vítima receba a devida atenção.

Para participar do congresso é necessário que a inscrição seja feita na plataforma on-line de eventos Sympla (clique aqui). Mais informações pelo ( 91) 99214-2537 ou nas redes sociais @futurobrilhante.

Por Amanda Martins.

 

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