Impacto na economia faz países amenizarem confinamento

A pandemia causou mais de 268.000 mortes em todo o mundo, incluindo mais de 150.000 na Europa

sex, 08/05/2020 - 07:02
Manjunath Kiran Trabalhadores migrantes e suas famílias se preparam para embarcar em ônibus para retornar aos seus locais de origem em 7 de maio de 2020 na cidade indiana de Bangalore. Manjunath Kiran

A pandemia de coronavírus, que ultrapassou 300.000 casos na América Latina nesta quinta-feira (7), continua causando estragos na economia e no turismo mundial, levando vários países como a França a acelerar o fim do confinamento.

A pandemia causou mais de 268.000 mortes em todo o mundo, incluindo mais de 150.000 na Europa, onde os países mais afetados são: Reino Unido (30.615 óbitos), Itália (29.958), Espanha (26.070) e França (25.987) .

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou nesta quinta que a fase de desconfinamento que começará em 11 de maio na França será mais rigorosa em Paris, fortemente atingida pela Covid-19.

"O país está dividido em dois", descreveu Philippe. Nas áreas "vermelhas", onde fica Paris, crianças acima de 11 anos não retornam à escola, enquanto bares, restaurantes e parques serão fechados e serão necessárias máscaras nos transportes públicos durante o mês de maio, além de que será proibido viajar para mais de 100 km.

Em todo o Canal da Mancha, o governo britânico deverá suspender algumas de suas medidas de quarentena neste fim de semana

A Itália, que foi o primeiro foco europeu da epidemia, também iniciou uma tímida abertura das medidas de confinamento, e nesta quinta a Igreja Católica e o governo assinaram um acordo para a celebração das missas a partir de 18 de maio.

Na Espanha, esperando o desconfinamento, o governo diz que permanece muito vigilante.E na Grécia, a icônica Acrópole de Atenas e todos os sítios arqueológicos do país serão reabertos em 18 de maio

Ao contrário desses países europeus, a Rússia (177.000 casos e cerca de 1.600 mortos) está em pleno andamento do surto. Moscou, o foco principal, estendeu o confinamento da população na quinta-feira até 31 de maio.

- "Empobrecimento geral" -

A pandemia também foi devastadora para a economia e atingiu de forma dura o turismo.

O volume de turistas internacionais pode cair entre 60% e 80% em 2020, "a pior crise" em "um dos setores da economia que emprega mais mão-de-obra", disse o secretário-geral da Organização Mundial de Turismo (OMT), Zurab Pololikashvili.

Como muitas outras potências, o Reino Unido verá sua economia entrar em colapso a níveis sem precedentes: o Banco da Inglaterra previu nesta quinta uma queda histórica de 14% do PIB este ano.

Na França, quase meio milhão de empregos evaporaram desde o início da crise, segundo o escritório nacional de estatística, e o primeiro-ministro disse que um "empobrecimento geral" é esperado no país.

E nos Estados Unidos, o país mais afetado pela doença, com mais de 75.500 mortes, cerca de 33,5 milhões de pessoas estão desempregadas desde o início da pandemia.

No geral, "os efeitos mais devastadores e desestabilizadores serão sentidos nos países mais pobres", onde os estados não podem sequer ajudar financeiramente a população, alertou a ONU na quinta-feira, buscando levantar 4,7 bilhões dólares para "proteger milhões de vidas".

"Se não agirmos agora, teremos que nos preparar para um aumento significativo de conflitos, fome e pobreza. O espectro de várias fomes está surgindo", disse o representante do órgão, Mark Lowcock.

- Desigualdades históricas -

A América Latina e o Caribe passaram na quinta-feira dos 319.000 casos do novo coronavírus, que matou mais de 17.000 pessoas na região, de acordo com um relatório da AFP com dados oficiais.

O Brasil, com 210 milhões de habitantes, é o país que mais registra casos, com 135.106 infectados e 9.146 mortes. O Peru segue com 58.526 infecções e 1.627 falecimentos.

A mortalidade no Brasil atinge especialmente os mais pobres, principalmente a população negra. "A pandemia aprofunda as desigualdades históricas herdadas da escravidão", disse Emanuelle Goes, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.

Esperando que o pico da pandemia seja atingido nos próximos dias em diferentes partes da região, vários países vizinhos do Brasil estão observando com preocupação a evolução da doença no gigante latino-americano, enquanto o presidente Jair Bolsonaro incentiva a população a não respeitar as medidas de distanciamento social impostas pelos governadores em diferentes estados do país.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) instou os governos a serem "cautelosos" ao facilitar as medidas de contenção e alertou que a transmissão "ainda é muito alta" no Brasil, Equador, Peru, Chile e México.

- Imigrantes detidos -

Em meio a essa complexa situação internacional, milhares de imigrantes estão presos em todo o mundo, incapazes de se mover devido ao fechamento de fronteiras e barreiras, alertaram as Nações Unidas na quinta-feira.

A situação é especialmente difícil no sudeste da Ásia, na África Oriental e na América Latina, regiões onde milhares de pessoas não conseguem retornar ao seus países de origem, explicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Nos Estados Unidos, muitos imigrantes ilegais se recusam a ir ao hospital até o último minuto por medo de serem detidos ou receberem uma conta exorbitante.

As pessoas "têm medo de ir ao hospital por causa das políticas anti-imigração implementadas pelo governo Donald Trump desde o primeiro dia", disse Francisco Moya, legislador do Queens em Nova York.

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