Mais de 200 pessoas são detidas em protestos em Hong Kong

Segundo autoridades médicas, 18 pessoas ficaram feridas.

seg, 11/05/2020 - 09:13
ISAAC LAWRENCE Manifestação pró-democracia em um centro comercial de Hong Kong, em 10 de maio de 2020 ISAAC LAWRENCE

A polícia de Hong Kong anunciou nesta segunda-feira (11) a prisão de 230 pessoas, incluindo um garoto de 12 anos, durante o fim de semana, nos primeiros protestos políticos no território desde o início da pandemia de coronavírus.

Nesse contexto, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, favorável ao poder de Pequim, prometeu nesta segunda-feira uma reforma educacional, por considerar que o sistema atual contribui para alimentar o movimento pró-democracia, que no ano passado abalou este território chinês.

"Com relação à maneira, no futuro, de abordar o ensino da disciplina de 'estudos liberais' [uma disciplina de cultura geral para desenvolver o espírito crítico], vamos esclarecer as coisas antes do final do ano", disse ela em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal "Ta Kung Pao", também favorável a Pequim.

No domingo, dois dias após o levantamento, entre outros, da proibição da reunião em razão do coronavírus, a polícia de choque dispersou manifestantes que se reuniram em vários shopping centers no distrito de Mong Kok, usando spray de pimenta e cassetetes.

Segundo autoridades médicas, 18 pessoas ficaram feridas.

Em meio a novas tensões políticas, as declarações de Lam podem provocar a raiva dos militantes pró-democracia de Hong Kong, que temem que Pequim reduza as liberdades que o território possui.

Com o apoio de Pequim, o governo de Lam está tentando aprovar uma lei para sancionar ofensas contra o hino nacional chinês. Várias personalidades próximas ao poder pedem, por sua vez, uma lei contra a sedição.

A nova legislação visa a coibir o movimento cada vez mais amplo, particularmente entre os jovens, em favor da democracia e por mais autonomia da China.

A oposição acredita que essas leis reduzirão a liberdade de expressão.

As escolas e universidades de Hong Kong estão entre as melhores da Ásia, e o ensino tem uma liberdade que não existe na China continental.

Os cursos de cultura geral foram introduzidos em 2009, e as escolas podem escolher como ensiná-los.

É por isso que eles se tornaram objeto de críticas da mídia oficial chinesa e de políticos pró-Pequim, que exigem uma educação mais patriótica.

Em sua entrevista, Lam diz que essas aulas permitem que os professores promovam suas posições políticas e que elas precisam ser observadas mais de perto pelo governo.

Entre junho e dezembro de 2019, Hong Kong passou por grandes manifestações, acompanhadas de confrontos entre ativistas e policiais para denunciar a influência de Pequim.

Mais de 8.000 pessoas foram presas. Em torno de 17% eram estudantes do ensino médio.

COMENTÁRIOS dos leitores