Cigarro aumenta risco de infectados pelo novo coronavírus

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, médico alerta para os danos pulmonares que tornam o paciente de covid-19 mais vulnerável

seg, 01/06/2020 - 13:49

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que sete milhões de pessoas morrem anualmente por causa do tabagismo. Destas, 900 mil são vítimas de fumo passivo. Ou seja, quase 13% das vítimas do tabaco não colocam um cigarro na boca. O Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de fumantes, segundo dados do Ministério de Saúde.

O isolamento social, imposto pela pandemia do novo coronavírus, agrava o problema. O jornalista e cineasta Afonso Gallindo, de 51 anos, é um exemplo. Fumante há 30 anos, ele dobrou a quantidade de cigarros consumidos, chegando a fumar duas carteiras por dia. “Estava iniciando um tratamento para parar de fumar antes de surgir a covid-19, mas tive que parar. Como sou ansioso e hiperativo, esse período em casa superdimensionou minha dependência química e motora ao cigarro”, avalia.

Afonso mora com a mãe, que é idosa e passa a maior parte do tempo deitada, desde que sofreu uma queda e fraturou o fêmur. “Minha preocupação com a saúde dela é ainda maior, porque ela é mais suscetível a problemas como pneumonia e problemas respiratórios”, explica.

Para não incomodar a mãe com o cigarro, ele só fuma na varanda do apartamento ou dentro do próprio quarto, quando tem que trabalhar em home office. “Não tem como proteger ela 100% dos efeitos do cigarro, como o fumo passivo, mas faço o possível para não expô-la tanto à fumaça do cigarro”, afirma.

Parar de fumar é uma das principais recomendações para quem quer ter uma vida mais saudável e reduzir o risco de doenças graves. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos cânceres podem ser evitados se adotarmos hábitos saudáveis. Evitar a obesidade, o sedentarismo e o álcool, ter uma boa alimentação e, especialmente, não fumar são atitudes fundamentais para viver mais e com qualidade”, explica o oncologista clínico Sandro Cavallero, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO). 

Entre os chamados cânceres evitáveis, o de pulmão é o mais comum. Está diretamente relacionado ao consumo de tabaco, que está na origem de 90% dos casos. “As pesquisas já comprovaram que o fumo está relacionado a pelo menos 17 tipos diferentes de câncer. Somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, lembra o médico.

Os fumantes passivos têm praticamente os mesmos riscos de desenvolver câncer. “Para aqueles que são tabagistas ativos, que ainda não conseguiram parar de fumar, mas estão preocupados com sua saúde e a de sua família, é importante saber que, quando fumam, outros também fumarão, mesmo não querendo. Isso significa que todos que estão expostos à fumaça do cigarro se transformam em tabagistas passivos, respiram as mesmas substâncias tóxicas dos derivados do tabaco, que se espalham no ambiente”, lembra o oncologista.

Estudos do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que mais de 150 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no Brasil, caso o uso do tabaco fosse eliminado. Segundo o INCA, até o final de 2020 serão registrados 31.270 novos casos de câncer de traqueia, brônquio e pulmão, em decorrência do tabagismo.

Com apoio da assessoria do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).

 

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