Mortalidade por covid-19 é mais alta em pessoas obesas

Endocrinologista Ryssia Brun alerta que a infecção causada pelo novo coronavírus afeta com maior gravidade a capacidade pulmonar dos pacientes com obesidade. Nutricionista André Amorim destaca a importância da boa alimentação.

qua, 03/06/2020 - 17:35
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A pandemia se tornou um desafio para os sistemas de saúde do mundo inteiro. No Brasil, os idosos não são os únicos vulneráveis à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Segundo dados do Ministério da Saúde, a mortalidade em decorrência da infecção do vírus entre os jovens que convivem com a obesidade é de 57%. A última pesquisa da Imperial Collage, de Londres, apontou haver uma relação entre a infecção pelo o coronavírus e outra doença predominante na maioria dos países, a obesidade.

Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 2019 mostrou que 2,3 bilhões de pessoas no mundo estão com sobrepeso ou obesidade. No Brasil, mais da metade da população tem sobrepeso e a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, de acordo com dados da pesquisa publicada da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico).

De acordo com a endocrinologista Ryssia Braun, a relação entre infecção pelo novo coronavírus e a obesidade está no fato de a capacidade pulmonar do obeso ser mais prejudicada e reduzida pelo aumento de peso, levando à dificuldade de expansão dos pulmões por ser uma musculatura tórax mais fraca. Outro motivo é que a obesidade se constituiu uma doença inflamatória crônica, ou seja, o tecido adiposo visceral produz substâncias inflamatórias que pioram a resposta imune do paciente frente ao vírus.  “Além disso, o indivíduo algumas vezes já vem associado a doenças crônicas e graves como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares”, ressalta.

Para a endocrinologista, a força de vontade em querer mudar os maus hábitos de alimentação e praticar exercício físico depende de cada um e é a primeira mudança para que a situação não se agrave. “Realizar atividade física não é necessariamente fazer o exercício em si, e sim estar fisicamente ativo, mesmo que seja em afazeres domésticos ou reduzindo o tempo sentado em frente a computadores, celular e televisão”, afirma Ryssia Braun.

“E se necessário, em casos mais resistentes a mudança de estilo de vida, é importante procurar um apoio multidisciplinar com endocrinologistas, nutricionistas para uma dieta adequada e balanceada e educadores físicos com atividades de 30 minutos ao dia que possam ajudar a potencializar essa perca de peso”, reitera a endocrinologista.

Segundo o nutricionista André Amorim, a alimentação tem uma função crucial na manutenção do sistema imunológico e favorece as defesas do corpo no combate dos processos patológicos como hipertensão, obesidade, anemia, diabetes e problemas gástricos. “Devemos optar pela variabilidade de alimentos e incluir frutas, legumes, verduras e hortaliças. Sempre optando por alimentos naturais”, afirma, sobre a importância de fortalecer o sistema imunológico. “O planejamento prévio, por exemplo, no final de semana, é uma boa sugestão para separar e congelar os alimentos que irá consumir”, complementa.

A universitária Rafaella Deprá, 23 anos, tem hipotireoidismo desde os 9 anos de idade e sempre tomou remédio controlado. “Ano passado eu não estava cuidando da minha saúde. Então, em novembro decidi começar o processo de emagrecimento por questões de saúde, pois sentia ansiedade, dor de cabeça e taquicardia”, afirma.

Rafaella afirma que após começar assumir hábitos saudáveis a sua vida melhorou bastante e agora está mais ativa. Mesmo com a pandemia ela não abre mão de se cuidar. “Continuo com os meus cuidados com a alimentação e treino de segunda a sexta por vídeo chamada com o personal trainer”, diz a universitária. “Toda essa mudança de hábito foi muito importante porque se eu não tivesse cuidando da saúde, e pegasse a covid-19, não iria conseguir me recuperar”, complementa.

Como prevenção à doença para obesos, a endocrinologista Ryssia informa que são isolamento, lavar as mãos ao sair de casa e lavar bem os alimentos. Também o uso de máscara ao sair e evitar contato com pessoas infectadas pelo o vírus. “Outras medidas são manter suas medicações de forma contínua, não parar a dieta que lhe foi passado pelo o nutricionista e até entrar em contato com seus médicos para não interir no tratamento”, informa.

Por Amanda Martins.

 

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