Venezuela deseja produzir vacina russa
País começará a selecionar candidatos para a fase de testes
O governo de Nicolás Maduro informou nesta quinta-feira que deseja produzir na Venezuela a vacina russa contra o novo coronavírus, recebida com ceticismo pela comunidade internacional, e anunciou que começará a selecionar candidatos para a fase de testes.
"Existe uma total disposição dos companheiros da Federação Russa e, certamente, nosso maior interesse em agilizar a produção e a incorporação muito rapidamente da fase 3 (de testes em pessoas) da vacina Sputnik V", declarou o ministro da Saúde, Carlos Alvarado, na TV estatal.
"Houve uma troca de perguntas do ponto de vista técnico, para ver se podemos iniciar, primeiramente, o processo de envasamento e, em seguida, a produção completa da vacina na Venezuela, como desejamos", expressou Alvarado após uma videoconferência com membros do Centro de Pesquisas de Epidemiología e Microbiologia Nikolai Gamaleya - responsável pela produção da Sputnik V - e o Fundo de Investimento Direto da Rússia.
Concordamos em "assinar acordos de confidencialidade e iniciar a seleção de candidatos para o desenvolvimento da fase 3 na Venezuela", assinalou o ministro, que, dias atrás, afirmou que a Venezuela conseguiria cerca de 500 voluntários.
A Rússia, um dos principais aliados de Maduro, anunciou, no último dia 11, que é o primeiro país a aprovar uma vacina contra a Covid-19, batizada de Sputnik V. A OMS advertiu que a aprovação de uma vacina "candidata" requer uma revisão rigorosa dos dados de segurança. Até o momento, a Rússia ainda não publicou um estudo detalhado que permita a verificação de seus resultados de forma independente.
Desde que o vírus chegou ao país caribenho, de 30 milhões de habitantes, em março, a Venezuela já registrou 41.965 casos da doença, segundo cifras oficiais, questionadas pela oposição e por organizações como a Human Rights Watch, por considerarem que o número esconde uma situação muito pior.
A pandemia encontrou a Venezuela com uma escassez aguda de medicamentos e um sistema de saúde pública precário, sintomas do colapso econômico que já levou ao êxodo de cerca de 5 milhões de pessoas desde o fim de 2015, segundo a ONU.