Cacique Raoni segue hospitalizado, sem previsão de alta
Boletim médico foi divulgado nesta quarta-feira (2)
O cacique brasileiro Raoni Metuktire, ícone da luta pela proteção da Amazônia, permanece internado em quadro "estável" após ter contraído o novo coronavírus, sem previsão de alta, segundo boletim médico divulgado nesta quarta-feira (2).
“Amanheceu em bom estado geral, mas permanecerá internado em observação, em leito de isolamento e acompanhamento médico, sem previsão de alta”, informou o Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, no estado de Mato Grosso (centro-oeste), onde o líder Kayapó foi internado na sexta-feira.
Os médicos do hospital localizado a 200 quilômetros da aldeia de Raoni informaram que o cateter nasal utilizado nos dias anteriores para facilitar a respiração foi retirado. O boletim também informa uma "melhora" nos problemas de "inflamações do coração" detectados nos testes de segunda-feira. Na terça-feira, o hospital informou que Raoni sofria de arritmias cardíacas leves.
O líder de cerca de 90 anos ficou internado dez dias em julho por úlcera gástrica e problemas intestinais.
Quando ele teve alta em 25 de julho, os médicos indicaram que Raoni tinha um "quadro de profunda tristeza" desde a morte, um mês antes, por derrame cerebral de sua esposa Bekwyjka, sua companheira de 60 anos.
As populações indígenas foram muito afetadas pela pandemia devido, entre outras coisas, à sua baixa imunidade: cerca de 30 mil indígenas foram infectados e 775 morreram, segundo os últimos dados da APIB, Associação dos Povos Indígenas do Brasil.
Caracterizado por seus cocares de penas coloridas e pelo grande disco inserido em seu lábio inferior, Raoni viajou o mundo nas últimas três décadas para conscientizar sobre a ameaça de destruição da Amazônia.
Ele chegou a ser acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de estar a serviço de potências estrangeiras.