Comércio liberado e feriadão: domingo de praia lotada

Comerciantes da praia de Boa Viagem revelam que banhistas estão reclamando dos protocolos

por Jameson Ramos dom, 06/09/2020 - 14:17
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Praia do Pina, Zona Sul do Recife Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

A população pernambucana parece pouco se importar com a situação pandêmica que o Estado vive. Este domingo (6), véspera de feriado, foi de praia lotada, de ponta a ponta. Ruim para combater a Covid-19, bom para quem depende do comércio nas praias, liberado nesta semana pelo Governo de Pernambuco. 

Pedro Jarochi, 29 anos, aponta que mesmo com muitos banhistas na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a movimentação para ele está sendo fraca. O jovem revela que muitas pessoas que estão indo à praia não entendem os protocolos exigidos pela Secretaria de Saúde. "Só pode quatro cadeiras em cada barraca, tem que ter um limite de proximidade (entre as barracas) para não haver aglomeração. Os clientes estão meios receosos ainda porque não podem vir em grupo e por isso está devagar. Tá voltando aos poucos, mas acredito que vai melhorar", revela. 

A expectativa do Pedro é grande para a tarde deste domingo (6) e a segunda-feira (7), por conta do feriado da Independência do Brasil. "Muita gente vai estar em casa e não vai querer passar o feriado em casa e acaba vindo para a praia", disse.

Dona Clélia Maria, 61 anos, está feliz com a retomada das atividades e da movimentação que está na praia de Boa Viagem, onde ela trabalha como barraqueira há 10 anos. No entanto, Clélia também reclama que os clientes não estão satisfeitos com as recomendações de segurança. "Infelizmente tem que ser assim até passar tudo isso. Hoje é o meu primeiro domingo aqui e estou achando que está sendo ótimo, mesmo com essas reclamações dos clientes, está dando pra levar", reforça.

 

Os permissionários das prefeituras voltam à atividade tendo que separar os guarda-sóis em uma área mínima de 4m x 4m. Apenas um guarda-sol, quatro cadeiras e uma mesa serão permitidos pela área, que poderá ser ocupada por até 10 pessoas.

Cardápios devem ser plastificados para facilitar a higienização e os condimentos devem ser entregues em sachês. Além disso, é preferível que talheres, pratos e demais utensílios sejam descartáveis. O uso de máscaras continua obrigatório para vendedores e clientes, exceto durante a alimentação.

Toda essa regra, segundo os barraqueiros, é o que não está agradando maior parte dos banhistas, que tentam burlar os protocolos. Três amigos que estavam na praia (nenhum quis ser identificado) acreditam que não precisa de todas essas regras e que o governo do Estado quer "complicar a vida do cidadão". "Eu mesmo jogo vôlei aqui faz tempo e não vejo as pessoas seguindo essas recomendações que, pra mim, são exageradas. Isso acaba dificultando até a vida de quem trabalha aqui", revela um dos banhistas. 

Jhoni Alves, 31 anos, acredita que esses protocolos são necessários para a convivência segura entre as pessoas. Ele é um dos trabalhadores que, mesmo com a movimentação intensa registrada em Boa Viagem, não está satisfeito com a o desempenho das vendas da sua barraca. 

"A gente esperava que o movimento ia ser melhor pelo tempo que a gente passou parado, mas é melhor do que nada. Parar as nossas atividades foi muito importante, mas acho que demoraram pra deixar a gente voltar", diz Jhoni.

Sem emprego, a praia é o sustento

São várias pessoas que dependem informalmente da praia para conseguir o sustento da família. Com essa pandemia, Marcelo Ricardo acabou perdendo o seu emprego de recepcionista em uma pousada localizada no Litoral de Pernambuco. "Comecei hoje a vender água aqui na praia e foi ótimo, já vendi todas as 40 garrafas de água que eu trouxe e estou até pensando em comprar mais pra voltar", revela Marcelo. 

Com a retomada da movimentação na praia, Marcelo Ricardo deve trabalhar toda semana no local para conseguir levar o sustento pra casa, ainda na espera de ser chamado de voltar pra ocupar o cargo de recepcionista. 

"Eu passei três anos trabalhando na pousada, mas agora eu tenho que me virar. A previsão para que as coisas voltem ao normal pra mim é em janeiro, quando a pousada deve reabrir, até lá vender água vai ser o meu trabalho", revela Marcelo.

Giovan da Silva - Foto Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Diferente de Marcelo, o senhor Giovan da Silva, de 64 anos, 'vive da praia' há 39 anos. Vendendo amendoim, ovo de codorna e pastas para bronzear, Gilvan revela que, mesmo proibido de vender os seus produtos na praia, ele não ficou parado e os becos das ruas do Pina, na Zona Sul do Recife, foram os locais por onde ele mais andou até a retomada do comércio permitido pelo poder público. 

"Onde tinha gente eu estava trabalhando. Mas agora está melhor porque o movimento cresceu na praia. Ontem (5) mesmo eu vendi 700 saquinhos de mercadoria. Aos poucos tudo vai voltar ao normal", acredita Giovan.

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