Itália realiza eleições e referendo em meio à Covid-19

Inicialmente previstas para o final de março, essas duas votações foram adiadas em várias ocasiões, devido à pandemia

sex, 18/09/2020 - 12:33
Andreas SOLARO (Arquivo) Senador italiano e líder da Liga de extrema direita, Matteo Salvini, recebe aplausos de seus apoiadores após seu discurso no Senado italiano, em Roma Andreas SOLARO

Os italianos irão às urnas no domingo (20) e na segunda-feira (21), apesar do ressurgimento do coronavírus na Europa, para votar um referendo e em eleições regionais com a atenção voltada para Toscana, um bastião histórico de esquerda que a extrema direita de Matteo Salvini espera conquistar.

Inicialmente previstas para o final de março, essas duas votações foram adiadas em várias ocasiões, devido à pandemia. Na Itália, são cerca de 36.000 mortes por Covid-19.

O governo decidiu dividir a votação em dois dias para evitar aglomerações.

Segundo alguns cientistas políticos, estas eleições regionais terão um valor menor como teste nacional. Isso se deve ao fato de a saúde ser competência das regiões, o que leva os eleitores a julgarem a gestão da pandemia por parte de suas autoridades locais, e não pelo governo nacional.

Sete regiões - no total de mais de 20 milhões de habitantes - devem eleger seus presidentes. Todos os olhares estão voltados para três lugares, onde uma vitória da direita pode abalar o governo de Giuseppe Conte, formado por uma coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) e o Partido Democrata (PD, centro esquerda).

As regiões em questão são Campânia (sudeste), cuja capital é Nápoles e onde o PD é favorito; Apúlia (sudoeste), onde o atual presidente, também do PD, está lado a lado com o candidato da direita; e principalmente Toscana (centro-oeste), bastião da esquerda há mais de meio século e onde as pesquisas não marcam diferenças entre os candidatos de esquerda e de direita.

As outras quatro regiões com eleições são Vale de Aosta (noroeste), Vêneto (nordeste), Ligúria (noroeste) e Marcas (centro-leste).

A coalizão de extrema direita composta pela Liga de Matteo Salvini (extrema direita), pelos Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni (extrema direita), e pela Forza Italia (direita), de Silvio Berlusconi, apresenta-se unida em todas as regiões.

Já a coalizão governamental - PD e M5S - surge dividida em todos os casos, exceto na Ligúria, aonde chegaram a um acordo para um candidato único.

Todo arco político concorda em que os resultados - que serão conhecidos na noite de segunda-feira - não terão influência no destino do governo.

Alguns especialistas consideram que é cedo para realizar essas eleições, em um momento em que os casos de coronavírus aumentam, apesar de, na Itália, os números estarem em torno de 1.500 novos casos diários. É muito abaixo dos registrados hoje na França, Espanha e Reino Unido.

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