Identidade real de autor de ataque em Paris é investigada

O homem se apresentou como Hassan A., de 18 anos, nascido em Mandi Bahauddin, uma cidade agrícola de Punjab, no Paquistão

seg, 28/09/2020 - 12:06
Laura Cambaud Policiais franceses prendem suspeito de ataque em 25 de setembro de 2020 em Paris, em imagem de captura de vídeo obtido pela AFP Laura Cambaud

Três dias após o ataque com faca perto da antiga sede da revista satírica Charlie Hebdo em Paris, os investigadores tentam descobrir nesta segunda-feira (28) mais sobre a identidade do agressor, que afirma ser um paquistanês de 18 anos.

Este homem, que admitiu ter ferido gravemente dois funcionários da agência Premières Lignes na sexta-feira (25) pensando que eram jornalistas da Charlie Hebdo, se apresentou como Hassan A., de 18 anos, nascido em Mandi Bahauddin, uma cidade agrícola de Punjab, no Paquistão.

Esta identidade corresponde a de um jovem que chegou à França ainda menor, há três anos. Ele esteve sob os cuidados do serviço social na região de Paris até completar 18 anos em agosto e não apresenta "nenhum sinal de radicalização", segundo as autoridades.

Mas, ao analisar o seu celular, os polícias da Direção-Geral de Segurança Nacional, encarregada da investigação pela Procuradoria-Geral Antiterrorista francesa, encontraram uma identidade com outro nome.

De acordo com o documento, Hassan A. na verdade se chamaria Zaheer Hassan Mehmood e teria 25 anos, disseram à AFP fontes próximas à investigação.

Em um vídeo reivindicando o crime, gravado antes do ataque, ele se apresentou com este nome, segundo uma fonte próxima à investigação.

No vídeo de dois minutos, que circulou nas redes sociais neste fim de semana, o homem assumiu a responsabilidade pelo atentado que estava prestes a cometer, sem jurar fidelidade a nenhuma organização.

Ele explicou que não suportou a republicação pela Charlie Hebdo "de caricaturas do profeta Maomé" que a tornaram alvo dos jihadistas em 2015. A publicação satírica as republicou na véspera do início do julgamento do atentado no início de setembro.

"Hoje, sexta-feira, 25 de setembro, vou condená-los", acrescentou o agressor no vídeo, alegando ter como "guia" o líder do Dawat-e-Islami, um grupo religioso apolítico e não violento de inspiração sufi com sede no Paquistão.

- Telefones apreendidos -

As buscas em duas supostas casas deste homem, em um hotel-abrigo em Cergy-Pontoise e em um apartamento em Pantin, perto de Paris, levaram à apreensão de equipamentos, inclusive telefones celulares, cuja análise poderia permitir um melhor entendimento de seu passado, antes de sua chegada à França em 2018.

A custódia policial do agressor, que fala mal o idioma francês e é auxiliado por um intérprete de urdu, foi prolongada por 48 horas no domingo, segundo uma fonte judicial à AFP.

Outras cinco pessoas permanecem sob custódia policial nesta segunda-feira: três ex-colegas de quarto do principal suspeito em seu apartamento em Pantin, seu irmão mais novo e um conhecido.

Os investigadores procuram compreender o "ambiente" em que o agressor vivia. Segundo uma fonte próxima ao caso, "tudo indica que ele agiu sozinho".

Cinco outras pessoas já foram libertadas, incluindo Yussef, um argelino de 33 anos inicialmente considerado suspeito, e que foi liberado na sexta-feira depois que foi comprovado que ele havia na verdade tentado prender o agressor.

"Eu queria ser um herói, acabei atrás das grades", afirmou à imprensa.

COMENTÁRIOS dos leitores