Duas mortes são confirmadas em Hospital de Bonsucesso

Unidade foi atingida por um incêndio na manhã desta terça-feira

ter, 27/10/2020 - 19:27
Tânia Rêgo/Agência Brasil Hospital Federal de Bonsucesso foi atingido por um incêndio nesta terça Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um incêndio atingiu na manhã desta terça-feira, 27, o Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio e fez duas vítimas fatais até o momento. Por volta das 13h, um porta-voz do hospital confirmou a morte de uma mulher de 42 anos que, segundo ele, estava em estado grave com covid-19 e morreu durante o processo de evacuação. A morte ocorreu na ambulância a caminho do hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari.

O fogo começou no prédio 1 da unidade, no qual se localizam as enfermarias e o CTI. Os Bombeiros foram acionados por volta das 9h50 e estão no local com equipes de 12 quartéis diferentes.

Segundo os Bombeiros, os pacientes foram retirados do local e levados ao prédio 2 e a outras unidades de Saúde. A maior parte foi para o próprio hospital, enquanto outros tiveram que ser transferidos com o auxílio do Samu. 162 pacientes no total saíram do prédio 1, sendo 66 removidos pra outras unidades. Havia oito vítimas de covid - que se deslocaram para o Leblon, na zona sul, e Acari, na zona norte. Entre eles, estava a paciente que morreu.

O porta-voz dos Bombeiros, coronel Lauro Botto, afirmou que há indícios de que o incêndio tenha começado num almoxarifado no subsolo do prédio, onde havia um estoque de fraldas. Isso, contudo, só será confirmado com mais apurações.

O secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, afirmou que o hospital funcionava de modo inadequado. Havia duas notificações e dois autos de infrações no Corpo de Bombeiros que versavam sobre as más condições da unidade. "É muito difícil, quase impossível, interditar um hospital com quase 600 leitos", disse.

O governador em exercício do Estado, Cláudio Castro (PSC), afirmou nesta terça-feira, 27, que uma vez controlado o fogo, o próximo passo é investigar as causas. "O que me chegou (até agora) é que foram todos socorridos e que também conseguimos salvar equipamentos", disse em conversa com jornalistas na saída do Palácio do Planalto, em Brasília. "O próximo passo então é a Polícia Civil, que já está no local, entrar para fazer toda a questão de perícia para aí começar a investigação e passar para o Ministério Público entender se foi uma causa acidental ou uma causa criminosa."

O Hospital de Bonsucesso é considerado o principal dos seis federais do Rio. No início da pandemia, chegou a receber a visita do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A unidade fica em posição estratégica, na Avenida Brasil, o que facilita o atendimento a pacientes de outros municípios, como os da Baixada Fluminense.

Referência em serviços de média e alta complexidade, faz cerca de 15 mil consultas ambulatoriais todo mês, além de 1.300 internações, 1.200 atendimentos de emergência, 120 mil exames laboratoriais e 5 mil exames de imagem.

O Estadão procurou o Ministério da Saúde e a Defensoria Pública da União para falar sobre o incêndio. Em nota, o ministério afirmou que "lamenta profundamente a perda de uma paciente durante a transferência" e diz que "acompanha o trabalho das equipes de resgate para garantir a segurança dos pacientes e profissionais que estavam presentes no local."

A professora Rosália Pires, de 42 anos, esperava havia três meses por um exame de mamografia. Quando chegou à unidade, se deparou com o incêndio. "Já fomos informados de que o hospital não vai funcionar hoje. Agora é mais uma espera", disse.

A paciente Ana Diniz, de 22 anos, estava na maternidade com o filho de quatro dias e precisou sair do hospital. A sensação, diz, foi de desespero. "A gente estava lá ouvindo os boatos, até que avisaram para nós. Muita correria", afirmou ela, que temeu pela vida da criança. (Colaborou Emilly Behnke)

COMENTÁRIOS dos leitores