Superfície de gelo do Ártico tem menor nível para outubro

Segundo dados de satélite preliminares, sua superfície era de 6,5 milhões de km² em 27 de outubro

qua, 28/10/2020 - 15:10
BJ KIRSCHHOFFER /POLAR BEARS INTERNATIONAL /AFP A razão é um mar mais quente que o normal, segundo instituto meteorológico BJ KIRSCHHOFFER /POLAR BEARS INTERNATIONAL /AFP

A superfície de gelo do Ártico registrou sua menor extensão para um mês de outubro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Instituto meteorológico dinamarquês DMI.

"A superfície do gelo ártico é a menor já registrada para a temporada", disse à AFP Rasmus Tonboe, especialista do DMI.

Segundo dados de satélite preliminares, sua superfície era de 6,5 milhões de km² em 27 de outubro.

"O crescimento do gelo está mais lento que o normal", acrescentou o cientista, que fala de um mês de outubro "recorde" desde o início das medições de satélite em 1979. Para os meses de outubro, a camada glacial reduziu 8,2% em uma década.

A razão é um mar mais quente que o normal, o que impede a formação de gelo com temperaturas acima do normal de 2 a 4 graus na parte oriental do Ártico no norte da Sibéria, e de 1 a 2 graus a mais na baía de Baffin, entre Groenlândia e Canadá, segundo os dados apresentados pelo DMI em um comunicado.

Já em setembro o tamanho da superfície foi o segundo menor já registrado, depois do de 2012, com 4,2 milhões de km² em 8 de setembro.

Desde os anos 1990, o aquacimento é duas vezes mais rápido no Polo norte do que em outras partes do planeta. Ar, gelo e água interagem em um ciclo vicioso de aquecimento.

A superfície é o gelo que se forma sobre a água. Todos os anos, uma parte se derrete no verão, alcança então 5 milhões de km² e se recupera normalmente no inverno, para alcançar cerca de 15 milhões de km². Mas, com o aquecimento global, se derrete cada vez mais no verão e sua superfície também se reduz no inverno.

Os satélites observam com muita precisão essas superfícies desde 1979 e a tendência à redução é clara.

Para Tonboe, o mês de outubro estabeleceu um "recorde" nunca superado em 41 anos. "É uma tendência que constatamos nos útimos anos com uma temporada maior de água livre, o que faz com que o sol aqueça o mar por mais tempo, o que causa invernos mais curtos e o gelo não cresce tanto quanto antes", resume Tonboe.

Em setembro, o tamanho da superfície registrou um nível muito baixo com sua segunda menor superfície já registrada, depois de 2012. Em 8 de setembro, media 4,2 milhões de km, segundo o pesquisador.

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