Expectativa de vida das mulheres segue acima da dos homens

Historicamente, a diferença de expectativa de vida ao nascer entre mulheres e homens é explicada pela violência, já que eles têm mais chances de morrer de causas externas não naturais do que elas

qui, 26/11/2020 - 11:49
Roosewelt Pinheiro/ABr Roosewelt Pinheiro/ABr

No aumento de três meses na expectativa de vida ao nascer do brasileiro em 2019, a composição entre homens e mulheres manteve a tendência histórica. A expectativa de vida ao nascer das mulheres foi maior, de 80,1 anos, ante 73,1 anos dos homens. Os dados são da Tábua Completa de Mortalidade de 2019, divulgada nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dados preliminares, publicados no Diário Oficial da União (DOU), revelaram que a expectativa de vida ao nascer do brasileiro ficou em 76,6 anos ano passado, ante 76,3 anos em 2018.

Historicamente, a diferença de expectativa de vida ao nascer entre mulheres e homens é explicada pela violência, já que eles têm mais chances de morrer de causas externas não naturais do que elas.

Em 2019, um homem de 20 anos tinha 4,6 vezes mais chance de não chegar aos 25 anos do que uma mulher da mesma faixa etária, segundo o IBGE. A maior diferença está na faixa etária entre 15 e 34 anos. A partir dos 45 anos de idade, a "sobremortalidade masculina" fica abaixo de 2,0 vezes.

"Este fenômeno pode ser explicado pela maior incidência dos óbitos por causas externas ou não naturais, que atingem com maior intensidade a população masculina", diz a nota divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE, que relaciona o impacto negativo da violência com a urbanização. "A partir de meados dos anos 1980, as mortes associadas às causas externas ou não naturais, que incluem os homicídios, suicídios, acidentes e afogamentos, passaram a desempenhar um papel de destaque, de forma negativa, sobre a estrutura por idade das taxas de mortalidade, particularmente dos adultos jovens do sexo masculino", diz outro trecho da nota.

Assim como em 2018, a maior expectativa de vida foi verificada em Santa Catarina (79,9 anos), com 3,3 anos acima da média nacional. A menor foi registrada no Maranhão (71,4 anos).

Na média nacional, a expectativa de vida de 76,6 anos foi 31,1 anos superior à registrada em 1940. Segundo o IBGE, em 1940, um indivíduo que completasse 50 anos de idade tinha uma expectativa de vida de mais 19,1 anos, vivendo em média 69,1 anos. Em 2019, uma pessoa de 50 anos tinha uma expectativa de vida de mais 30,8 anos, esperando viver em média até 80,8 anos, 11,8 anos a mais do que em 1940.

Se, por um lado, aumenta a diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres, a urbanização contribuiu para melhorar as condições sanitárias de vida, segundo o IBGE. "Em 1940, 68,8% da população viviam em áreas rurais, onde as condições sanitárias eram mais precárias e a mortalidade era elevada no grupo de adultos jovens para os dois sexos indistintamente", diz a nota do órgão.

Consequentemente, a longevidade dos brasileiros também vem aumentando ano a ano. Em 1940, um indivíduo que completasse 65 anos esperaria viver em média mais 10,6 anos (no caso dos homens, seriam 9,3 anos, e das mulheres, 11,5 anos). Em 2019, esses valores passaram a ser de 18,9 anos para ambos os sexos (17,2 anos para homens e 20,4 anos para as mulheres).

Assim, em 2019, as expectativas de vida ao atingir 80 anos foram de 10,5 para mulheres e de 8,7 anos para os homens. Em 1940, conforme o IBGE, esses valores eram de 4,5 anos para as mulheres e 4,0 anos para os homens. Em 1940, 2,4% da população total tinham 65 anos ou mais. Em 2019, os brasileiros acima de 65 anos representavam 9,5% do total.

Mortalidade infantil

A Tábua Completa de Mortalidade de 2019 revelou também mais uma queda na mortalidade infantil, medida pela taxa de óbitos de menores de 5 anos por mil nascidos vivos. Em 2019, a taxa foi de 14,0 por mil, ante 14,4 por mil em 2018.

Segundo o IBGE, das crianças que vieram a falecer antes de completar 5 anos de idade, 85,6% teriam a chance de morrer ainda no primeiro ano de vida e 14,4%, de vir a falecer entre 1 e 4 anos de idade. Quando se considera a taxa de óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos, a mortalidade infantil de 2019 ficou em 11,9 por mil.

Entre 1940 e 2019 a mortalidade infantil apresentou um declínio da ordem de 91,9%, informou o IBGE. Em 1940, a taxa de mortalidade na infância (até 5 anos) era de aproximadamente 212,1 óbitos para cada mil nascidos vivos, ante os 14,0 por mil de 2019.

Apesar da forte queda ao longo dos anos, a taxa de mortalidade infantil do Brasil ainda está longe do verificado nos mais países desenvolvidos, conforme o IBGE. Japão e Finlândia, por exemplo, registraram taxas abaixo de 2 por mil (até 1 ano de idade) para o período de 2015-2020. Na China, a taxa de mortalidade infantil até 1 ano é de 9,9 mil, enquanto nos países da África Ocidental e Central estão em torno de 90 por mil, segundo comparações feitas pelo IBGE.

Entre os Estados brasileiros, a menor taxa de mortalidade infantil em 2019, assim como em 2018, foi verificada no Espírito Santo, com 7,8 óbitos de menores de 1 ano para cada mil nascidos vivos, ante a média nacional de 11,9 por mil. A maior foi, mais uma vez, a do Amapá, com 22,6 por mil.

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