Carrefour: defesa de segurança pede liberdade provisória

Advogados de Giovane Gaspar da Silva, um dos seguranças presos pela morte de João Alberto, alegam que a vida do seu cliente está em risco

por Vitória Silva sex, 04/12/2020 - 14:58
Reprodução Advogados insinuam que a morte de João Alberto pode ter 'relação direta' com o suposto uso de drogas Reprodução

A defesa de Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, ingressou com um pedido de liberdade provisória na quinta-feira (3). O policial temporário é um dos presos pela morte de João Alberto Silveira de Freitas, o homem negro de 40 anos, espancado e morto no estacionamento de uma unidade do Carrefour, no dia 19 de novembro, em Porto Alegre. Segundo o advogado, David Leal, a vida do seu cliente corre perigo. As informações são do UOL.

Silva está preso em uma unidade prisional da Brigada Militar. Ele é um dos três detidos pela morte de Beto, como era conhecida a vítima. Na ocasião, estavam também o segurança Magno Braz Borges, preso junto ao PM, e a agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, detida cinco dias depois. 

O pedido argumenta que o réu é primário, não tendo histórico policial, e não apresenta risco à ordem pública ou ao andamento do inquérito. O documento é assinado também  pela advogada Raiza Feltrin Hoffmeister, que compõe a defesa do acusado.

Os advogados defendem que "não mais subsistem as circunstâncias" para mantê-lo preso, já que "praticamente todos os atos da investigação policial já foram cumpridos". Além disso, Leal e Hoffmeister, prevendo o desligamento do PM ainda esta semana, afirmam que a transferência de unidade prisional pode representar riscos à integridade física de Silva, que seria considerado um preso comum.

"Os presos comuns terão grande dificuldade de aceitar a convivência com um policial militar, sendo indiferente o fato de ser temporário. Para o preso comum, polícia é polícia, e qualquer policial é visto como inimigo na realidade prisional", seguem os advogados no pedido.

O investigado tem interesse em continuar estudando e em se dedicar ao seu projeto de vida junto à esposa, segundo os defensores, que apontam ainda a posse de residência fixa por parte do segurança, facilitando a possível aceitação de liberdade provisória.

Os advogados também dizem que as causas da morte não estão claras, afirmam que não houve tentativa de assassinato e insinuam que a morte de João Alberto pode ter “relação direta” com o suposto uso de drogas.

"Sendo essas as prováveis causas do óbito de João Alberto, é bem possível que a morte do vitimado tenha relação com o seu próprio comportamento, pois ao que indica, a conduta de Giovane (desferimento de socos), segundo relataram os peritos, apenas causaram escoriações na face da vítima, ou seja, lesões superficiais que não teriam relação direta com a morte. Por isso, as imagens da violência levam ao erro”, complementaram.

Como alternativa, David Leal e Raiza Feltrin Hoffmeister sugerem o uso de tornozeleira eletrônica, permanecer em casa durante à noite e comparecer na justiça mensalmente. O pedido agora vai ser analisado.

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