IBGE: número de casamentos está em queda no Brasil
Pesquisa revela também que as uniões estão durando menos
De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira passou a casar menos. Em comparação aos dados apresentados em 2018, o número divulgado na última semana mostra queda de 2,7% entre os casamentos héteros e baixa 4,9% em relação às uniões homoafetivas.
O estudo, elaborado a partir dos dados de registros em cartórios de todo o país, ainda aponta que as relações matrimoniais têm sido cada vez menos duradouras entre os casais no Brasil. A pesquisa mostra que, na última década, os casamentos passaram a durar 13,8 anos em média. Em 2008, as uniões se estendiam até 17,5 anos, segundo o IBGE.
Embora os dados de oficialização do matrimônio estejam em queda desde 2016, há casais que preferem manter a harmonia sem precisar fazer nada de “papel passado”. Após um período nos Estados Unidos (EUA), a designer Juliana Carlin, 28 anos, ficou longe do namorado, o editor de vídeo Daniel de Oliveira, 30 anos. No entanto, o retorno dela ao Brasil os fez retomar a tentativa de realizar o sonho iniciado em 2017 e passaram a viver juntos. Embora vislumbre celebrar a união no futuro, o casal mantém os projetos amarrados pela questão financeira.
“Voltei e a gente continuou nosso relacionamento, mas a gente não sabia muito bem como ia rolar. Nesse ano de quarentena vimos que está dando certo, mas precisamos de um pouco mais de tempo. A gente quer fazer uma cerimônia, mas não temos dinheiro no momento”, explica Juliana.
Juliana e Daniel: questões financeiras fizeram o casal adiar os planos de oficializar a união. Foto: arquivo pessoal
Para a designer, a durabilidade dos relacionamentos hoje em dia pode ser prejudicada pelas incertezas financeiras. Contudo, Juliana aponta outros fatores a serem observados para redução da permanência dos casais na atualidade.
“Tem todo o medo do divórcio, de mostrar pra todo mundo que deu errado e muitos da minha geração viveram a separação dos pais, acho que isso pesa um pouco”, aponta. Segundo Juliana, até o próprio modo de pensar a vida pode ser levado em conta para a continuidade ou não de uma relação afetiva. “A ‘romantização’ de que casamento tem que durar para sempre, o lance das pessoas não quererem se comprometer e até a desconstrução do modo de pensar fora ‘bolha’ de cada um com temas como a monogamia, o patriarcado, entre outras”, complementa.
Para concretizar os planos
Outra dupla que prefere elaborar e cumprir um bom planejamento antes de oficializar qualquer documento é o casal Ana Carolina Miranda, 36 anos, e Adriano Mira, 38 anos. A cabeleireira e o administrador, que estão juntos há três anos, seguem na batalha do presente para construir a base que pode sustentar o futuro.
“No momento são prioridades, nos damos super bem e temos diversos planos. Vamos correr atrás dos nossos planos e, no futuro, pensamos em casar”, comenta Mira.
Juntos e felizes há três anos, Ana Carolina e Adriano não veem o casamento como prioridade. Foto: arquivo pessoal
Segundo o administrador, o ritual que sempre se fez presente na maioria dos enlaces matrimoniais pode ser considerado algo mais relacionado à tradição do que ao sentimento de que uma união precisa.
“O casamento no papel hoje é algo mais cultural, em relacionamento com respeito e companheirismo, isso é o mais importante de tudo”, enfatiza Mira. Para ele, é importante observar a alteração cotidiana da realidade e priorizar a busca pela estabilidade para o casal. “A vida hoje em dia está em constantes mudanças. As novas gerações não se preocupam em tradições e sim em concretizar seus planos”, completa.
Fora de moda?
Para o psicólogo Alexandre Bez, o casamento não saiu de moda. Segundo o especialista, há peculiaridades como a carência de sentimento em grande parte das relações, o que pode levar ao término.
“As relações hoje são constituídas por uma ‘camada muito fina’ de entendimento e de compreensão, auxiliando o término mais rápido. Como é constante, cria-se a ilusão em estar fora de moda quando na realidade o que existe é a falta de sentimentos reais passionais, que impulsiona as separações”, explica.
Segundo Bez, embora haja diversos fatores negativos como frustrações ou traumas relacionados à separação, é fundamental observar a questão com uma visão positiva. “A percepção do término da relação, onde a pessoa ao digerir essa sensação pode proceder numa direção em ser livre da relação que acabou e, assim, constituir outra quando ela encontrar uma outra pessoa que a satisfaça novamente”, aponta o psicólogo.