Capitão da PM que estuprou netas de 7 e 8 anos é demitido

O militar, de 95 anos, perdeu a patente e vai cumprir prisão domiciliar por 17 anos

por Victor Gouveia ter, 05/01/2021 - 12:55
Divulgação A defesa afirma que o ex-capitão é evangélico e que o diabo influenciou as crianças Divulgação

Acusado de estuprar as netas de 7 e 8 anos, o capitão reformado da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), Antônio Mariano Corrêa, de 95 anos, foi demitido da corporação no dia 30 de dezembro de 2020. Ele foi condenado em setembro de 2019 e chegou a ser preso pelos crimes cometidos em 2013.

No ano dos abusos, as meninas passaram uma semana das férias na chácara dos avós paternos, enquanto os pais estavam em viagem. Cerca de um mês depois, as crianças viram uma reportagem sobre a prisão de um estuprador e a mãe perguntou se elas já haviam passado por algum tipo de situação parecida. A mais nova olhou para a mais velha e disse: 'vamos contar para a mamãe', indica a Promotoria.

Em uma avaliação psicossocial foram detectados comportamentos como ansiedade, insegurança e medo nas irmãs, o que representam sinais de abuso sexual. A mãe chegou a apontar outro suposto estupro do capitão, há cerca de quatro anos, contra a filha de uma secretária que trabalhava para a família e morava perto da chácara.

 A funcionária teria ameaçado prestar queixa e Corrêa teria rebatido: "conta, quem vai acreditar em você? Eu sou capitão da PM", relatou a nora, que chegou a levar a funcionária para a delegacia. No entanto, ela desistiu da denúncia e disse que daria outra chance ao homem "pois ele havia parado de beber".

A defesa de Corrêa tentou anular o processo ao alegar que não existiam provas suficientes. Em seguida, disse que as provas apresentadas eram falsas. Em juízo, disse que teria sido o 'diabo' que colocou isso na cabeça das netas e que "as crianças de hoje não admitem serem repreendidas". Como defesa, os advogados apontam que o PM é evangélico e que tem 'muito temor a Deus'.

Em setembro de 2019, o capitão ficou recluso durante dois meses no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Na ocasião, ele afirmou que tinha doenças como, déficit auditivo bilateral, arritmia cardíaca, pressão alta, diabetes, Alzheimer, esclerose e incontinência fecal e urinária, e uma cirurgia recente no coração, que teriam sido afetadas dentro da prisão.

Em novembro do mesmo ano, o juiz Luiz Alberto Moro Cavalcante, do Tribunal de Justiça Militar, indicou a possibilidade de Corrêa cumprir 17 anos em prisão domiciliar, sem nenhum contato com as netas, filhos e nora.

Pela patente, o capitão tinha direito de receber a aposentadoria de R$ 14.500 em rendimentos brutos, indica o portal da transparência do governo paulista. Com a perda do posto, ele receberá o valor de um funcionário público do estado, informa o portal IG.

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