Brasil registra 1ª reinfecção de nova cepa do coronavírus

A paciente de 45 anos vive em Salvador (BA) e, segundo especialistas, é a primeira do mundo a ser reinfectada com a nova variante do vírus

por Lara Tôrres sex, 08/01/2021 - 12:07
Pixabay . Pixabay

O Brasil registrou um caso de reinfecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2) com a mutação E484K. A paciente de 45 anos que vive em Salvador é o primeiro caso catalogado no mundo. A descoberta foi feita por pesquisadores brasileiros e publicada em versão preprint e aguarda revisão por pares na revista científica The Lancet Infectious Diseases.

Segundo pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), a paciente não tinha comorbidades e foi infectada pela primeira vez em 20 de maio e adoeceu pela segunda vez em 26 de outubro, com um quadro mais severo. Nas duas vezes o diagnóstico foi dado através de testes RT-PCR e após a segunda ocorrência, quatro semanas depois, a paciente passou por um teste de IGg com confirmação de anticorpos. 

“Trata-se do primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no Estado da Bahia, confirmado por sequenciamento. Foi observada, na sequência genética do vírus presente no segundo episódio, a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul e tem causado muita preocupação no meio médico, pois ela pode dificultar a ação de anticorpos contra o vírus. Esta mutação foi recentemente identificada no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez, em todo o mundo, em que é associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2”, explicou Bruno Solano, pesquisador à frente do estudo, realizado na unidade regional do Instituto, no Hospital São Rafael, em Salvador, ao jornal Correio Brasiliense. 

A descoberta foi feita através do isolamento dos vírus em laboratório, permitindo que os pesquisadores analisassem o genoma das cepas do primeiro e segundo episódios de infecção e comparar ambos, associando-os com outras sequências de vírus encontrados no país. Isso permitiu concluir que as duas infecções ocorreram em um intervalo de 147 dias com linhagens distintas de vírus em cada uma, com a nova mutação presente no segundo episódio. 

“A descoberta serve de alerta e reforça a necessidade de manutenção das medidas de controle da pandemia, com distanciamento social e a necessidade de acelerar o processo de vacinação, para reduzir a possibilidade de circulação desta e de possíveis futuras linhagens que, ao acumular mutações, podem vir a se tornar mais infectantes, inclusive para indivíduos que já tiveram a doença”, destaca o pesquisador.

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