Alta da inflação afeta gravemente a população de Belém

Com os maiores registros no mês de março, o aumento progressivo do preço de diversos produtos configura insegurança no orçamento dos cidadãos

seg, 05/04/2021 - 17:35

Influenciada majoritariamente pela alta dos combustíveis (12,51%), a prévia da inflação na Região Metropolitana de Belém (RMB) ficou em 1,49% em março. Entre as 11 regiões pesquisadas, Belém registrou a maior alta no índice. Foi o maior resultado para um mês de março de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2001 na RMB. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), divulgado no dia 25 de março pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).

A priorização da exportação de produtos, em decorrência da desvalorização do real em relação ao dólar, fez com que o preço fique mais caro para o consumidor interno. O impacto direto desses números é o reflexo na alta de produtos essenciais, como arroz, carne, além de elevar os custos do transporte.

 O cenário se agrava pela manutenção do salário mínimo – reajustado para R$ 1.100,00 em janeiro de 2021, o que implica a diminuição do poder de compra dos cidadãos em Belém, como afirma o professor de Ciências Econômicas da (Universidade Federal do Pará (UFPA) Alexandre Damasceno. “A diminuição do poder de compra do consumidor logo impactará diretamente no seu consumo, inclusive na redução da alimentação, na compra de remédios etc. Outro problema é o aumento no desemprego, sendo explicado pela diminuição da produção, consequentemente teremos menos empregos na linha de produção”, afirma.

 O economista e professor doutor da UFPA Gilberto Marques esclarece que outro efeito direto da alta inflacionária é a redução da renda real. “Se antes, com R$ 100,00, você comprava dez quilos de carne, e esse valor dobrou de preço, agora você compra apenas cinco quilos de carne. Isso significa a redução da renda da população, uma desvalorização do real”, exemplifica.

Os desdobramentos explicados pelos professores Alexandre e Gilberto são uma realidade na vida da cabeleireira e dona de salão de beleza Daniele Padilha. “Eu, como profissional autônoma, tenho sentido na pele esse momento muito difícil que estamos vivendo. Diante da pandemia, o preço de tudo ficou elevado, nos levando a priorizar o que realmente importa: alimentação e saúde, deixando de lado o lazer”, destaca.

Além disso, a compra de alimentos é um fator que se torna crítico diante do contexto inflacionário. “Todas as vezes que vou ao supermercado, percebo que cada dia os itens ficam mais caros, nos levando a rever nossa cesta básica”, afirma Daniele.

O professor Gilberto Marques acredita que, para atenuar os fortes impactos da inflação, o estímulo a geração de renda e empregabilidade pelo governo é uma saída. “Em paralelo a isso, deveríamos ter política sociais para amenizar essa situação. As famílias também precisam readequar os gastos, ou trocar o consumo para itens mais baratos, além de encontrar fontes adicionais de renda – o que não é fácil em momentos de crise”, conclui.

Por Haroldo Pimentel e Roberta Cartágenes.

 

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