Enfermeiras na linha de frente contra a Covid-19

Diante da batalha contra o vírus, profissionais contam apenas com conhecimentos próprios e força de vontade

por Alfredo Carvalho qui, 13/05/2021 - 11:09
Arquivo Pessoal Da esq. à dir. as enfermeiras Telma Arabadje, Erika Tassi e Glaucia Cabrino Arquivo Pessoal

O profissional de enfermagem é responsável por auxiliar e salvar a vida de pacientes nos hospitais, ou quaisquer instituições que ofereçam atendimentos médicos. Nos dias de hoje, o enfermeiro é um dos profissionais que atuam na linha de frente no combate ao Covid-19, e, desde o início da pandemia, presencia um cenário de desespero nos hospitais. "Estamos numa guerra contra um poderoso inimigo e nos negam as armas para vencer. Um inimigo que não se elimina com uma rajada de balas disparada por um fuzil, mas com os nossos próprios anticorpos,  que uma simples vacina pode estimular sua produção", desabafa a enfermeira Glaucia Cabrino, 52 anos, de São Caetano do Sul (SP).

Diante da batalha contra o vírus, Glaucia destaca que os enfermeiros contam apenas com seus conhecimentos e força de vontade, uma vez que os hospitais carecem de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), respiradores, bombas de infusão e remédios para amenizar as dores da intubação. "Não somos assassinos e torturadores. O tratamento é sofrido, é custoso, ignorar tudo isso é absurdo. Estamos exaustos e sozinhos, o governo só atrapalha, as pessoas não usam máscaras, se aglomeram e ignoram os princípios mínimos de higiene", relata a enfermeira.

Para Glaucia, a ausência de esforços coletivos e políticas efetivas dificultam o combate à doença. "Não enfrentaremos mais uma onda, mas tsunami atrás de tsunami. Não podemos nos iludir com essa vacinação em conta-gotas. Nada temos a comemorar", afirma a enfermeira. Em momentos difíceis, ela ressalta que os hospitais são como organismos vivos, que dependem do bom trabalho de cada profissional. "Um hospital sem enfermagem, não é um hospital. É um depósito de gente que precisa de tratamento e não tem quem saiba executá-lo", declara.

A enfermeira Erika Tassi, 45 anos, de São Paulo (SP), relata que durante a pandemia, a enfermagem ficou sobrecarregada, uma vez que os hospitais não dispõem de profissionais suficientes para atender a alta demanda de pacientes infectados pelo Covid-19, o que torna indispensável o trabalho do enfermeiro. "A importância da enfermagem é indiscutível, pois somos a base do atendimento, ocupamos mais de 80% das vagas de uma instituição, o que por si só já mostra o valor que se tem".

O começo da pandemia também trouxe desespero e insegurança para os profissionais de saúde, pois além da escassez de insumos, não havia informações precisas de como usá-los de maneira adequada ao tratamento do Covid-19. "Foram muitas questões que nos deixaram abalados. Batia o desespero ver pessoas da nossa família ou amigos morrerem. Eu não tive como me afastar da família e isso me causava o medo de ser responsável pela contaminação de alguém. Foi muito difícil, mas aprendi a encarar a doença de frente, pois estudamos para enfrentar as doenças e não as temer", explica a enfermeira Telma Arabadje, 49 anos, de São Paulo (SP).

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