Crise afeta o bolso e a saúde mental do brasileiro

Altas taxas de desemprego e a crise sanitária têm sido responsáveis pela estagnação na economia e pelo aumento de problemas psicológico entre os brasileiros

por Alfredo Carvalho seg, 21/06/2021 - 19:51
Matheus Montes / LeiaJá Matheus Montes / LeiaJá

 A pandemia do coronavírus (Covid-19) trouxe impactos a diversos segmentos do mundo, entre eles a economia, que sofreu duros golpes durante a crise sanitária. Segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o período de um ano de pandemia fez com que o desemprego no Brasil alcançasse 14,4%, um aumento de 11,6% quando comparado ao ano passado. Esse valor é equivalente a 2 milhões de brasileiros desempregados, o que tem gerado vários impactos sobre a saúde mental do brasileiro. 

De acordo com o economista e gestor empresarial Jean Crouzillard, o fator principal que contribui com o desemprego do país é a ausência de um plano econômico de longo prazo. Ele aponta que nos últimos 20 anos, os políticos se preocuparam apenas com as eleições. “Muitos projetos estão parados no congresso e, quando colocados em pauta, perdem suas características iniciais, sua eficácia e se tornam soluções de curto prazo", comenta.

Crouzillard lembra que o Brasil já convive com o desemprego desde antes da pandemia e que a crise sanitária apenas agravou a situação. Para resolver a questão, o economista afirma que é necessário ter vontade e liderança política como prioridade, uma vez que soluções voltadas apenas para planos econômicos só servirão para amenizar o problema. “É primordial investir em micros e pequenas empresas, as quais geram muitos empregos. Porém, é muito importante que o país conte com um plano de investimento estrutural para que a retomada seja sólida”, calcula.

Segundo o economista, focar em empréstimos de dinheiro não será a solução, pois as empresas precisam de consumo para que a economia se recupere com estabilidade. Para Crouzillard, o ideal seria um direcionamento voltado para investimentos estruturais, além de aprovar o novo plano fiscal que está parado no congresso. “O orçamento público concentra verbas para pagar juros e estrangular investimentos públicos. É necessário ter coragem de alavancar a economia com o excesso de liquidez do mercado financeiro, ou seja, ter em mãos um plano de captação deste excesso”, ressalta.

O economista estima que a vacinação deve criar um ambiente economicamente viável a partir de agosto, mas os prazos para recuperar as perdas são de três a quatro anos. Já o índice de desemprego não deve se alterar até o final de 2021 e permanecerão altos no ano que vem. “Por 2022 ser um ano de eleição, com um cenário muito conturbado, não é de se esperar por uma estabilidade econômica. Talvez apenas pequenos progressos em alguns setores da economia”, prevê.

Uma das sugestões apontadas por Crouzillard, seria explorar setores da economia que detêm resposta ágil da recuperação. “Um bom exemplo disso é o setor de turismo que é, ainda, muito subutilizado no país. Além disso, fica a lição de que um país deve ser autossuficiente em vacinas, essa é uma estratégia que deverá evitar’ ‘solavancos futuros’”, recomenda.  

Os impactos do desemprego na saúde mental das pessoas

O atual cenário econômico junto às preocupações com a saúde causam consequências psicológicas no trabalhador, que busca por maneiras de contornar a crise. A psicóloga e terapeuta integrativa Bianca Panvequi Liberati explica que a perda de um emprego funciona como um processo de luto, junto ao desespero de não saber o que fazer para se manter e sustentar a família.

Além disso, o desemprego também afeta a autoestima. “Um emprego, uma posição ou uma ocupação gera bem-estar e autovalorização. Você valoriza o seu tempo no momento em que você realiza uma atividade e é pago por ela, o que proporciona autoestima”, explica Bianca.

A psicologia destaca que o contexto de pandemia já é um momento doloroso e a perda de um emprego aumenta as sensações de mal estar e impotência. Por conta disso, as pessoas passam a ter crises de ansiedade e depressão com maior frequência.

Diante desta situação de desemprego, Bianca reforça que é importante possuir uma rede de apoio, amigos ou familiares que possam auxiliar nos momentos difíceis e transmitir segurança. “Algo que pode ser muito útil é ter uma fé ou algo em que acreditar, independente da religião”, orienta.  Outra dica da psicóloga é realizar atividades físicas ou buscar por diversas maneiras de entretenimento, pois elas ajudam a aliviar o estresse e geram sensações de prazer.

COMENTÁRIOS dos leitores