PCR anuncia restauro dos quiosques do Pina e Boa Viagem

Estimada em R$ 10,2 milhões, a revitalização deve ser iniciada em fevereiro de 2022 e pode levar até 15 meses para ser concluída

por Vitória Silva sex, 12/11/2021 - 13:11

A Prefeitura do Recife anunciou que irá iniciar a recuperação dos 60 quiosques dispostos nas orlas de Boa Viagem e do Pina, na Zona Sul da capital pernambucana. A gestão municipal assume o comando dos trabalhos após encerrar o termo de cooperação firmado em julho de 2020 com a Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife (ABCR), e que previa que os próprios comerciantes seriam responsáveis pela requalificação dos quiosques, captando recursos junto a empresas privadas. Por considerar a intervenção urgente, a prefeitura afirmou que, em comum acordo com a categoria, decidiu assumir as revitalizações.

A requalificação das orlas deve acontecer a partir de fevereiro de 2022, com o prazo de execução, para todos os equipamentos, de 15 meses - logo, a obra deverá ter seu fim entre maio e junho de 2023, sem contar com atrasos que eventualmente podem vir a acontecer. A licitação deve ser publicada no Diário Oficial do Município ainda nesta sexta-feira (12), de acordo com o prefeito João Campos (PSB). O investimento será de R$ 10,2 milhões e será 100% arcado pelo Tesouro Municipal.

“Os quiosques serão completamente móveis, então vai ser outra estrutura, outro layout, e foi feito conversando com os quiosqueiros, com especialistas que participaram da concepção. Então ele tem uma maior área de cobertura, e uma maior área interna. Essa coluna central, que é muito criticada pelos quiosqueiros, vai ser retirada. Então é um novo projeto, vai ser maior, com uma estrutura muito mais moderna. Todos os 60 quiosques serão repaginados”, disse Campos.

Os serviços serão realizados em 10 lotes de seis quiosques cada. O valor do projeto representa 50,54% a menos que os R$ 20,7 milhões previstos no estudo promovido pela Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife. As obras dos novos quiosques da orla serão executadas pelo Gabinete de Projetos Especiais e contam com a parceria da Secretaria de Políticas Urbanas e Licenciamento.

Identidade recifense nos quiosques

Os quiosques terão tamanho padrão de 39,8 metros quadrados de área coberta, sendo 12,14 metros quadrados de área interna - maiores que as estruturas atuais. A ideia do projeto é realizar a transição entre o ambiente natural da praia e o construído - calçadão e avenida - mantendo aspectos de segurança, durabilidade, manutenção, funcionalidade e acessibilidade.

De acordo com o comunicado, o sistema de lajes de concreto de alto desempenho vai garantir segurança e durabilidade aos quiosques, além de facilitar a manutenção. Com isso serão evitados os arrombamentos que viraram constantes na orla. A PCR garantiu que a acessibilidade está contemplada no projeto - os equipamentos têm previsão de balcão acessível para atendimento de cadeirantes. O projeto terá identidade recifense, com a preservação da herança arquitetônica, da memória urbana e da cultura popular da cidade. A laje plana projetada dialoga com a linha do horizonte da praia.

O concreto pigmentado na cor areia confere originalidade e contemporaneidade ao conjunto dos quiosques, como encontrado no Museu Cais do Sertão em Recife, no Paço das Artes em São Paulo, no Museu Casa Paula Rego em Portugal, ou mesmo, no Museu Iberê Camargo em Porto Alegre com o concreto branco estrutural.

O painel de azulejaria de tradição portuguesa e largamente utilizado na arquitetura moderna brasileira e pernambucana - a exemplo dos encontrados no Edifício Acaiaca em Boa Viagem, Edifício Barão de Rio Branco na Boa Vista, do arquiteto Delfim Amorim e nos volumes das cascas de cobertas pré-moldadas de Armando de Holanda no Parque dos Guararapes - foi incorporado ao projeto, com um redesenho das antigas velas e ondas das calçadas da Avenida Boa Viagem, se transformando num momento de resgate da memória urbana do Recife.

Os azulejos revestirão os depósitos que irão auxiliar na organização do novo layout interno. Os beirais amplos dos quiosques trarão sombras mais  generosas, dando o conforto ambiental tão necessário nas cidades tropicais.

“Os quiosques foram pensados de acordo com quatro pilares que são a historiocultura do Recife, a segurança, a funcionalidade e a durabilidade, e a acessibilidade. Em relação a historiocultura, a arquitetura foi pensada para ter revestimentos cerâmicos remetendo a azulejaria tradicional dos portugueses e terão desenhos conforme os calçadões antigos de Boa Viagem com velas e barcos”, comentou a chefe do Gabinete de Projetos Especiais Cinthia Mello.

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