Prefeitura de Olinda culpa seguradora por queda de prédio
Parte do Edifício Leme, em Jardim Atlântico, desabou na noite dessa quinta (28). Duas mortes foram confirmadas pelos bombeiros
O prédio de três andares em Olinda, que desabou na noite dessa quinta-feira (27), foi interditado há 23 anos, mas ainda acomodava famílias. Duas mortes foram confirmadas e quatro vítimas ainda são procuradas entre os escombros.
A prefeitura informou que o Edifício Leme, localizado em Jardim Atlântico, foi interditado pela Defesa Civil em 2000, após uma vistoria conjunta entre Estado, Município e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na época, os órgãos exigiram à seguradora que o imóvel fosse demolido. (Veja a íntegra da nota no fim do texto)
O município não apontou o nome da seguradora, mas reforçou que ela é a responsável pela vigilância do prédio e deveria ter proibido sua ocupação. Uma multa diária, segundo a gestão municipal, é cobrada pelo descumprimento da ordem de demolição.
LeiaJá também: Olinda: homem é resgatado cerca de 10h após desabamento
Em nota, a prefeitura acrescentou que dezenas de ações judiciais pedem a demolição das construções condenadas em Olinda. "Como exemplo, têm-se os casos dos edifícios Verbena e JK, onde a Caixa Seguradora, responsável pela Guarda e Conservação dos prédios, foi obrigada a demoli-los, relocando eventuais ocupantes", indicou.
"A Prefeitura de Olinda se solidariza com as famílias das vítimas e vai continuar atuando para que os prédios condenados do município sejam totalmente demolidos pelas seguradoras responsáveis", complementou no comunicado.
Bombeiro realiza buscas no local. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens
Vítimas
O Corpo de Bombeiros confirmou duas mortes no local, a de um adolescente de 13 anos e de um homem que não teve a idade revelada. Quatro pessoas ainda são procuradas entre os destroços.
Cinco pessoas e três cachorros foram retiradas com vida dos escombros. Duas mulheres, de 25, apresentaram ferimentos leves e foram levadas à UPA de Olinda. Outra mulher, 30, foi encaminhada ao Hospital Miguel Arraes, em Paulista.
Um homem, de 45, deu entrada no Hospital da Restauração, na área Central do Recife. A unidade informou que chegou na Unidade de Traumas por volta das 23h57, com uma fratura na mão. Seu quadro de saúde é estável e ele segue sem previsão de alta.
O que diz a Defesa Civil?
De acordo com o coronel do Corpo de Bombeiros Waldyr Oliveira, secretário de Defesa Civil de Olinda, a prefeitura não sabia que o Edifício Leme havia sido reocupado recentemente. Além dos trabalhos de busca por desaparecidos, o edifício também é alvo de vistorias e de uma limpeza, para poder entrar em fase de avaliação sobre uma possível demolição, parcial ou total, ou se o imóvel será novamente interditado. Uma residência atingida pelo desabamento também foi desocupada e será avaliada.
“É um momento de levantamento das informações. É um prédio antigo, detectado com patologias estruturais desde 2000. O Estado e o município interditaram e se soube que houve mais uma ocupação irregular. O que se sabe é que o prédio colapsou por volta das 22h e caiu sobre quem estava dentro. Agora se iniciam os procedimentos de proteção, de assepsia, cuidado e vistorias nos prédios que são anexos, para que saber se existe risco de desabamento nos prédios ao lado. O prédio principal passará por estudos também para sabermos se ele passará por demolição total, parcial ou se será novamente interditado”, informou Waldyr.
Nota da Prefeitura de Olinda
A Prefeitura de Olinda informa que o Edifício Leme foi interditado em 2000, pela Defesa Civil, após uma vistoria conjunta entre Estado, Município e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em seguida, os órgãos exigiram da seguradora do imóvel a demolição do mesmo. A mesma seguradora também é responsável pela vigilância do prédio que deveria proibir a ocupação.
A Prefeitura de Olinda atua junto à Justiça, a fim de obrigar as seguradoras a executarem as demolições. Dezenas de ações foram movidas pela Procuradora do Município. Como exemplo, têm-se os casos dos edifícios Verbena e JK, onde a Caixa Seguradora, responsável pela Guarda e Conservação dos prédios, foi obrigada a demoli-los, relocando eventuais ocupantes.
Hoje, no entanto, existem casos em que a Justiça já determinou a demolição do imóvel, após a ação da Prefeitura, porém a seguradora se recusa a dar cumprimento à ordem judicial. E isso mesmo sendo cobrada multa diária no caso de descumprimento.
A Prefeitura de Olinda se solidariza com as famílias das vítimas e vai continuar atuando para que os prédios condenados do município sejam totalmente demolidos pelas seguradoras responsáveis.