Polícia sérvia prende suspeito de ataque a tiros

Em comunicado, a polícia disse que o homem, de 21 anos, identificado pelas iniciais U.B., foi preso perto da cidade sérvia de Kragujevac, cerca de 140 km ao sul de Belgrado

sex, 05/05/2023 - 12:39

Após horas de buscas durante a noite, a polícia sérvia disse que prendeu nesta sexta-feira (5) o suspeito do ataque a tiros que matou pelo menos oito pessoas e feriu 14, no segundo ataque a tiros em massa no país em dois dias.

Em comunicado, a polícia disse que o homem, de 21 anos, identificado pelas iniciais U.B., foi preso perto da cidade sérvia de Kragujevac, cerca de 140 km ao sul de Belgrado. A polícia disse que continua a investigar o caso. A mídia local informou que o agressor disparou com armas automáticas.

A detenção ocorreu após uma busca durante toda a noite por centenas de polícias, que isolaram uma área a sul de Belgrado onde aconteceu o atentado. "Ouvi alguns sons de tak-tak-tak", recordou Milan Prokic, um residente de Dubona, uma aldeia perto da cidade de Mladenovac. Prokic disse que inicialmente pensou que os aldeões disparavam para celebrar um parto, como é tradição na Sérvia e nos Bálcãs.

"Mas não era isso. É uma vergonha, uma grande vergonha", acrescentou Prokic. "Dizem que o homem os matou sem motivo. Dizem que houve uma discussão aqui no centro da cidade, que ele foi para casa, pegou as armas e voltou para os matar."

Prokic disse que não acreditava nisso: "Se fosse verdade, por que é que ele foi às vilas vizinhas para matar?". Outro cidadão de Dubona também disse que ouviu tiros na noite de quinta-feira e saiu de casa.

"Senti o cheiro a pólvora. Ouvi barulho na direção da escola. Vimos pessoas deitadas no chão", disse o homem, que se recusou a dar o seu nome por temer pela sua segurança. O atirador disparou aleatoriamente contra pessoas em três vilas perto de Mladenovac, a cerca de 50 quilômetros a sul da capital, disse a RTS.

O Ministro do Interior da Sérvia, Bratislav Gasic, classificou os ataques a tiros de quinta-feira como "um ato terrorista", segundo a imprensa estatal.

O ataque ocorreu um dia depois de um rapaz de 13 anos ter usado as armas do pai para matar oito crianças e um guarda numa escola em Belgrado. O derramamento de sangue provocou choque em uma nação dos Balcãs marcada por guerras, mas pouco habituada a assassinatos em massa.

Segundo a mídia sérvia, o atirador é filho de um militar. O ataque ocorreu na vila de Dubona, perto de Mladenovac. Em três cidades vizinhas, a polícia isolou a área e vasculhou casa por casa à procura do agressor. Entre os mortos está um policial, que estava de folga no momento, assim como sua irmã.

Embora a Sérvia esteja repleta de armas que sobraram das guerras dos anos 90, o ataque de quarta-feira na escola foi o primeiro na história moderna do país. O último ataque a tiros em massa antes do desta semana foi em 2013, quando um veterano de guerra matou 13 pessoas numa vila no centro da Sérvia.

A cultura das armas está muito difundida na Sérvia e em outros países dos Bálcãs. A região tem um dos números mais elevados de armas per capita da Europa. As armas são frequentemente disparadas para o ar durante as celebrações e o culto do guerreiro faz parte das identidades nacionais.

Os peritos têm alertado repetidamente para o perigo que representa o número de armas no país altamente dividido, onde os criminosos de guerra condenados são glorificados e a violência contra grupos minoritários fica muitas vezes impune. Os especialistas também referem que as décadas de instabilidade resultantes dos conflitos dos anos 90, bem como as dificuldades econômicas atuais, podem desencadear tais explosões.

Dragan Popadic, professor de psicologia na Universidade de Belgrado, disse à Associated Press que o ataque a tiros na escola expôs o nível de violência presente na sociedade e causou um profundo choque.

"As pessoas foram subitamente abaladas para a realidade e para o oceano de violência em que vivemos, para como tem crescido ao longo do tempo e para como a nossa sociedade tem sido negligenciada durante décadas", alertou. "É como se tivessem acendido lanternas sobre as nossas vidas e já não nos podemos meter na nossa vida." (Com agências internacionais).

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