Oposição contesta candidatura à reeleição em El Salvador
Segundo o deputado César Reyes, ela é inconstitucional
Representantes da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), um do principais partidos de oposição de El Salvador, apresentou ontem um recurso ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) para anular a candidatura à reeleição do presidente, Nayib Bukele. Segundo o deputado César Reyes, ela é inconstitucional.
"Estamos defendendo o nosso Estado democrático, queremos que se cumpram e façam cumprir as leis", disse Reyes. "Vimos como o TSE, com 4 votos a favor, autorizou o registro da chapa presidencial do partido Novas Ideias (NI) em clara violação à Constituição. A democracia salvadorenha está ameaçada e completamente deteriorada. O país não tem independência institucional."
O presidente da Arena, Carlos García Saade, reafirmou que "a Constituição estabelece que é vedada a reeleição imediata" e apelou aos juízes do TSE para "serem corajosos e seguirem o juramento que fizeram à Constituição".
Sinal verde
Na sexta-feira, 3, a Justiça Eleitoral deu parecer favorável à inscrição da candidatura de Nayib Bukele para a eleição de 4 de fevereiro, apesar de a Constituição proibir a reeleição. Na releitura dos magistrados - indicados pelo presidente -, o texto constitucional se refere apenas a presidentes que estejam a 10 anos no poder.
Aos 42 anos e bastante ativo nas redes sociais, Bukele é o presidente mais popular da América Latina, com 90% de aprovação, segundo a pesquisa Latinobarómetro 2023 publicada em julho. O apoio é impulsionado por sua política de segurança pública, que impôs um regime de exceção e restrição de direitos civis, mas que devolveu a tranquilidade a comunidades aterrorizadas pelo crime organizado.
Com o regime de exceção, que permite prisões sem mandado judicial, o governo colocou atrás das grades 72,6 mil supostos membros de gangues - a grande maioria, segundo ativista, não tem qualquer relação com o crime organizado. De acordo com autoridades do governo, em torno de 7 mil inocentes foram libertados.
A fórmula, no entanto, tem apelo em vários países da América Latina, que vivem problemas semelhantes aos de El Salvador. Bukele, que comemorou a queda brusca na taxa de homicídios do país, se tornou popular em países vizinhos, como Guatemala e Honduras.
Mas nem tudo são flores. Na semana passada, Bukele foi acusado de desviar US$ 200 milhões para sua estratégia de converter o Bitcoin em moeda do país. As acusações foram publicadas pelo jornal La Prensa.