Patriota diz que saiu para 'preservar a instituição'
Ele recebeu bem a ideia de ser o chefe da missão brasileira nas Nações Unidas no lugar de Figueiredo, já que sua área preferida na diplomacia é justamente a de negociações multilaterais
O ex-ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota passou sua última manhã no cargo trabalhando em um discurso. Em meio à crise causada pela fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada em La Paz, organizada à revelia do Itamaraty, o clima no ministério era péssimo. Patriota, no entanto, levou adiante suas atividades como nada de extraordinário fosse acontecer. O ministro, no entanto, já sabia que sua reunião com a presidente Dilma Rousseff, no final da tarde, encerraria sua temporada como chanceler. Foi tempo suficiente para pedir ao embaixador brasileiro nas Nações Unidas - agora futuro ministro - Luiz Alberto Figueiredo - para voltar ao Brasil.
Patriota foi para o Palácio do Planalto às 18h desta segunda-feira (26). De lá, saiu sem o cargo. Aos assessores mais próximos, que reuniu em seu gabinete para uma rápida despedida, disse que tomou a decisão para preservar a instituição. Diplomata não apenas de carreira, mas de família, o embaixador teve sempre entre suas principais características a "excessiva diplomacia", que por vezes se traduzia em uma aparente inação.
Em meio a assessores emocionados, Patriota manteve a tranquilidade. Recebeu bem a ideia de ser o chefe da missão brasileira nas Nações Unidas no lugar de Figueiredo, já que sua área preferida na diplomacia é justamente a de negociações multilaterais. Por volta das 20h30, o ex-ministro chegou na residência oficial, na Península dos Ministros. Avisou à segurança que iria descansar e não falaria com ninguém. Nenhuma visita chegou até 22 horas.
Patriota sai antes do final do primeiro mandato de Dilma Rousseff mas, mesmo se tivesse ficado, não seria por mais tempo. O ministro já havia informado a vários interlocutores que não ficaria para um eventual segundo mandato. O desgastes na relação sempre tumultuada com a presidente já estava chegando a seu limite, mesmo antes da crise boliviana.