Votar LDO antes do recesso é 'praticamente impossível'

Para isso acontecer, parlamentares teriam que entrar em acordo para não apresentar emendas e levar a matéria diretamente ao plenário

qui, 10/07/2014 - 13:52
Pedro França/Agência Senado Devanir Ribeiro acredita que a LDO só deverá ser votada em agosto, se não for analisada durante o recesso Pedro França/Agência Senado

Mesmo pautado para a próxima semana, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015 não deverá ser votado até 17 de julho. É o que acredita o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Com isso, o recesso parlamentar será cancelado já que a Constituição determina que não haja intervalo dos trabalhos parlamentares sem a votação da matéria.

“Vamos fazer um esforço para que no dia 15 possamos votar pelo menos o relatório preliminar e poder abrir o prazo para apresentação das emendas à LDO. Agora, eu já não acredito mais que vote antes do recesso”, disse Ribeiro, acrescentando que é “praticamente impossível” que o projeto seja votado em plenário em tão poucos dias.

Há uma possibilidade de votação do texto diretamente pelo plenário do Congresso, sem passar pela comissão, mas isso seria fruto de acordo considerado difícil, já que os parlamentares teriam que desistir de apresentar emendas ao texto. Apesar de essa opção existir, ela é descartada pelo presidente da CMO, que já acredita na aprovação só em agosto. “Na primeira semana de agosto vai haver um esforço concentrado de Senado e Câmara e espero votar a LDO nessa oportunidade se não der para votar durante o recesso”.

O relatório preliminar é de autoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Somente após a aprovação desse relatório será aberto o prazo para a apresentação de emendas ao relatório final, que ainda precisará ser aprovado pela comissão e pelo plenário do Congresso Nacional.

Proposta

A LDO é o instrumento através do qual o governo estabelece metas e prioridades da administração pública federal. O texto inclui as propostas do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público da União.

O texto enviado pelo Executivo não incluiu o orçamento impositivo. O governo aguarda a Câmara concluir a votação da PEC do orçamento impositivo para, então, incluir o tema. Pela matéria, o Executivo fica obrigado a executar as emendas parlamentares individuais até o limite de 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) da União, sendo metade do valor necessariamente destinada à saúde pública.

O projeto também estabelece o aumento de 7,71% do salário mínimo, saindo dos R$ 724 atuais para R$ 779,79. O reajuste é maior do que o previsto neste ano, que foi de 6,78%. Já o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto pelo governo é de 3%. Na avaliação do governo, a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve chegar a 5%. A meta cheia de superávit primário do setor público será de R$ 143,3 bilhões, o equivalente a 2,50% do PIB.

As prioridades do orçamento são as mesmas que em 2014: o plano Brasil sem Miséria (que inclui o Bolsa Família), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida. O governo incluiu outras despesas obrigatórias, como investimento do Ministério da Educação e das empresas estatais.

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