Campos: Falta vontade política para fazer Brasil crescer

Em debate promovido pela CNI, candidato disse que a reforma tributária será uma das primeiras ações no Executivo federal

qua, 30/07/2014 - 12:59
José Paulo Lacerda/CNI

No debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira (30), o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) frisou que o país precisa de uma indústria competitiva e de uma reforma tributária. Para ele, falta “vontade política e coragem” para colocar em prática as mudanças que o Brasil precisa.

Se eleito, Campos disse que a reforma tributária será uma das primeiras ações dele no Executivo federal. “Eu serei o presidente da República que vai enviar a reforma [tributária] na primeira semana de governo ao Congresso Nacional. Vou tomar conta da articulação pessoalmente. Também serei o primeiro presidente do ciclo democrático que não vai aumentar a carga tributária neste país”, prometeu.

O socialista também lamentou o baixo crescimento do setor no Brasil. “Desde 2010, a indústria brasileira está efetivamente estagnada. Nós sentimos isso nos indicadores de emprego, no quanto a indústria é parte da importação – para ficar viva a indústria brasileira tem importado muito. Essa é uma situação que exige de nós uma reflexão muito mais profunda do que uma simples crítica, do que buscar culpados e responsáveis. Nós precisamos ter uma indústria competitiva de caráter global”.

Gestão

Não tem solução para o que está aí sem um debate político profundo no Brasil. O padrão político de governança no Brasil esclerosou, faliu, não vai dar uma nova agenda de competitividade para a economia brasileira. Para o Brasil ter um ambiente seguro para investir, que anime os investidores, precisamos de uma governança assegurada por outra lógica política, que não é essa – patrimonialista, fisiologista e atrasada, que tem uma cabeça no século XIX ou na Velha República. Nós precisamos entender que antes de a solução estar na economia, é na política. Representamos a única possibilidade de quebrar o presidencialismo de coalizão e unir o Brasil em torno de uma nova visão, de desenvolvimento e de governança.

Planejamento

Nós precisamos oferecer segurança macroeconômica para o mundo e para o Brasil , tendo responsabilidade com os fundamentos. Um governo que não faça política de curto prazo, que valorize o longo prazo e o contrato, que dê segurança a quem quer investir e tem muita gente no mundo querendo investir no Brasil.

Fazenda

Quando alguém do PSB diz que defende um Banco Central independe é porque o Brasil precisa desse gesto para recuperar o crédito que o Brasil perdeu no mundo nestes últimos anos. Quando eu digo que é necessário instalar um Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal é porque o Brasil precisa fazer conta e as contas não podem ser escondidas nem maquiadas, tem que ser reveladas para saber quanto custa cada decisão política no Brasil.

Produtividade

É fundamental que façamos a agenda da produtividade do setor privado e do setor público, que passa por uma extensa discussão que vai para educação, regras do mundo do trabalho, para a questão da infraestrutura, uma agenda que precisa ser comandada pelo presidente da República, com democracia, responsabilidade e respeito à liberdade.

Educação

Fiz uma experiência de escola em tempo integral, que é a maior experiência de escola em tempo integral de ensino médio no Brasil. Ter em Pernambuco mais alunos em tempo integral do que Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro juntos é a prova que há dinheiro, falta a decisão política de fazer.

Inovação

A pesquisa e o desenvolvimento no Brasil nos últimos anos não andam bem. Nós tivemos um avanço e paramos, retrocedemos no percentual de pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB. Precisamos ter um olhar mais sistêmico sobre inovação. O Sibratec foi uma experiência de fazer redes para ir buscar as competências. Aí, inventam a Embrapa, que não sai do papel. Precisamos rever os nossos incentivos à inovação, para não serem de faz de conta.

Relações exteriores

O Brasil precisa de uma política de relações exteriores que não seja de partido, mas de Estado. O Brasil tem que usar esse grande capital que ele tem. A nossa inserção do mercado global tem que ter uma estratégia ativa, a partir dos nossos interesses. Precisamos voltar a discutir a nossa pauta de relação com os parceiros mais maduros do Brasil. Não podemos ter preconceitos e essas relações não podem ser excludentes. Nós precisamos destravar o Mercosul.

Infraestrutura

É fundamental cuidamos da infraestrutura. Há uma seleção dos principais projetos que somam R$ 300 bilhões em hidrovias, ferrovias, portos, rodovias, gasodutos. O que falta é uma palavrinha mágica, que essa eu conheço e chama-se gestão. Temos que fazer projetos de qualidade, licenciamento, monitorar e entregar efetivamente. Dois movimentos são fatais: o primeiro é regulação e o segundo é o preconceito. O Estado não tem no Orçamento os recursos para infraestrutura.

Trablhadores x Classe patronal

Não há como discutir as regras do mundo do trabalho tirando direito dos trabalhadores. É possível um diálogo entre empresários e trabalhadores. Brasil também precisa discutir, sim, um marco regulatório da terceirização.

Administração pública

Não é necessário 39 ministérios para governar o Brasil. Não é necessário 22 mil cargos comissionados para governar o Brasil. Não é necessário o Brasil ficar de joelhos à chantagem política renunciando ao mérito, à competência. O governo não pode atrapalhar a sociedade.



Pernambuco

Governei um Estado que jamais se imaginava que conseguisse multiplicar por quatro os investimentos públicos. E não teria feito isso se não tivesse a coragem de quebrar a velha política para instituir a participação, a transparência, os mecanismos de controle, as remunerações variáveis de acordo com os méritos.

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