Retrocesso: Palavra-chave do discurso petista
No segundo turno, a campanha do Partido dos Trabalhadores associa a imagem de Aécio Neves ao passado administrativo de FHC
Uma palavra tem sido muito utilizada pelos representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados: retrocesso. Lembrar o passado e os índices da inflação na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tem sido a chave do discurso petista. Na última quarta-feira (15), em vídeo, o ex-presidente Lula comparou os governos, relembrando que quando o país quando era comandado pelos tucanos uma minoria da população era beneficiada. O fechamento do discurso não poderia ser diferente “O Brasil não pode retroceder”.
Durante encontro com representantes de entidades sindicais no Recife, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, declarou que o PSDB representa um retorno dos problemas do passado. “Vamos ficar estarrecidos se houver uma escolha por esse tipo de candidato que, acima de tudo, representa um projeto neoliberal, dos tempos do desemprego, da recessão, da seca sem cisterna, da seca que expulsava as pessoas do campo, causava saques, etc. Nós temos confiança no povo de Pernambuco, acima dos seus ‘caciques’, que são seus eventuais chefes, tem consciência do que o ex-presidente Lula e o nosso governo fez para mudar a vida das pessoas, tanto em particular, como através de investimentos em infraestrutura e modernização”, ressaltou o ministro.
Outro que utilizou a celebre frase foi o deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. Em entrevista, ele afirmou que não sente saudade do período da administração tucana. “Declarei voto na Dilma. Mas a decisão (de fazer campanha) cabe ao partido em suas instâncias. O retorno dos tucanos com o Aécio Neves é um retrocesso. Não tenho saudade dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Os funcionários públicos ficaram sem reajuste. Houve uma política brutal e violenta sobre os movimentos sociais. Mesmo com divergências públicas com o PT, o segundo turno serve para isso: votar em quem você considera que possa derrotar um projeto ainda pior”, pontuou.
A presidente Dilma Rousseff também utilizou sua página no Twitter para relacionar os rivais ao retrocesso. “Aqueles que estão comigo representam o meu projeto de país: de avanço. Os que estão do outro lado (PSDB) representam o retrocesso!”, publicou a petista.
De acordo com o economista e analista político Maurício Romão, deferir a palavra retrocesso perante os eleitores não representa risco eminente, apenas se houver comparativo apontando as ‘melhorias’ de um e ‘indiferença’ de outros pode causar prejuízo eleitoral ao PSDB. “Nessa campanha prevalece a polarização tradicional de 20 anos entre PT e PSDB. O PT tá buscando comparar modelos ideológicos, como fez em 2006, 2010 e está fazendo agora. Dependendo do contexto que isso for colocado, se eles não apontarem as diferenças estratégicas, não causarão impactos na campanha. Mas se apresentarem os aspectos associando as consequências político-econômica, pode despertar na cabeça de alguns eleitores, principalmente indecisos, que a continuidade da gestão do PT pode ser melhor”, avaliou Romão.