Partidos paulistas usam mulheres e servidores em fraudes
De acordo com relatório do Ministério Público, apenas as fotos eram utilizadas em santinhos para obter o mínimo necessário para validar as chapas
O Ministério Público Eleitoral de São Paulo divulgou hoje (18) os números referentes às investigações de fraudes em candidaturas nas últimas eleições. Os dados revelam candidaturas fictícias de mulheres, apenas com intuito de cumprir as cotas mínimas exigidas por lei, e de servidores públicos, que servem para pedir licença do serviço em época de campanha.
Ao todo, 208 casos foram analisados e 60 inquéritos policiais foram instaurados por conta de falsas candidaturas de mulheres. A promotora de Justiça de Falências Vera Lucia de Camargo Braga Taberti, que atua também na área eleitoral, apontou a participação de quatro partidos e uma coligação nas falsificações. “Não há o menor interesse, salvo pouquíssimas exceções, por parte da cúpula dos partidos políticos, cuja maioria dos integrantes pertencem ao sexo masculino, que as mulheres ingressem na política”, afirmou a promotora.
Após a divulgação dos dados do relatório, a promotora afirmou que alguns partidos usaram apenas a imagem das mulheres, com a distribuição de santinhos com seus rostos, para atingir a cota de gênero necessária. “A tática dos partidos políticos para essa finalidade consiste em aliciar mulheres que realizam trabalhos sociais ou fazem parte de associações de bairro para serem ‘pretensas’ candidatas. Essas por sua vez, por serem pessoas de bem, aceitam o convite e lançam suas candidaturas, mas sem qualquer chance de êxito”, completou Vera Lucia.