Sem alarde, Alckmin costura alianças
Fiel ao seu estilo de "jogar parado", o tucano já construiu pontes com pelo menos sete legendas: PV, PTB, PSB, PPS, PHS, PP e DEM
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem mantido uma agenda discreta de viagens pelo Brasil, mas é hoje o pré-candidato à Presidência da República que mais avançou nas articulações com outros partidos para montar seu palanque. Fiel ao seu estilo de "jogar parado", o tucano já construiu pontes com pelo menos sete legendas: PV, PTB, PSB, PPS, PHS, PP e DEM.
Enquanto Alckmin se aproxima de seus aliados de São Paulo no plano nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê até o parceiro histórico PCdoB lançar uma candidatura própria, enquanto Ciro Gomes (PDT) rejeita uma aliança. Já Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) estão isolados em suas respectivas legendas.
Um passo importante foi dado por Alckmin no dia 11, durante um churrasco em Capão Bonito, no interior de São Paulo, na fazenda do deputado federal Guilherme Mussi, presidente do diretório paulista do PP. Mussi comemorou o aniversário com uma grande festa que possibilitou mais um encontro entre o governador e o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI).
Os dois já haviam conversado pessoalmente em agosto, quando Mussi promoveu um jantar em Brasília para o governador estreitar suas relações com a bancada federal da sigla no Congresso - hoje uma das mais fortes do bloco partidário informal classificado como Centrão.
Nas duas últimas eleições, o PP (futuro Progressistas), esteve em lado oposto ao do PSDB, no palanque petista. De meados do ano para cá, o tucano intensificou a aproximação a partir de reuniões fora da agenda com lideranças locais e nacionais.
Vice
Após a conversa no dia 11, da qual fizeram parte outros líderes do PSDB, dirigentes do PP passaram a ventilar a hipótese da senadora Ana Amélia (PP-RS) se candidatar como vice de Alckmin no ano que vem.
O nome da senadora ganhou força como uma boa opção especialmente se Lula for candidato em parceria com Manuela dÁvila (PCdoB-RS) - possibilidade levantada por petistas. "Sou um entusiasta de uma eventual chapa Geraldo Alckmin e Ana Amélia, que eu acho possível, mas a decisão não é minha", disse Mussi.
Ao Estado, Ana Amélia diz desconhecer qualquer costura nesse sentido, mas afirmou que se sente honrada em ter sido lembrada para desafio tão "extraordinário".
Aliados de Alckmin avaliam que oferecer a vaga de vice a uma mulher é estratégia acertada, mas a escolhida não necessariamente deve sair da região Sul. Para boa parte dos apoiadores do governador, a chapa deve ser formada com uma representante do Nordeste, onde o eleitorado do tucano ainda é muito discreto e Lula, caso candidato, tem ampla vantagem.
Nesse cenário, o nome que surge é o de Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos. Em um esforço para se manter próximo do PSB, que tem demonstrado boa vontade como projeto presidencial de Alckmin, o governador paulista embarca hoje para Recife, onde deve se encontrar com Renata e outras lideranças pessebistas.
No PSB, o principal entusiasta da candidatura de Alckmin é o vice-governador Márcio França, secretário-geral da sigla. A legenda, porém, também sinalizou interesse em lançar o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.
Na busca por assegurar de antemão apoio de aliados históricos de sua gestão estadual, Alckmin também mantém conversas com o PPS de Roberto Freire.
Na semana passada, Freire, em entrevista ao Estado, disse que é preciso discutir uma candidatura única das forças que fizeram oposição "aos governos lulo-petistas". Segundo o deputado, Alckmin pode ser um dos nomes para representar essa unidade. Mas o PPS não descarta encampar eventual candidatura do apresentador e empresário Luciano Huck, optando pelo "novo".
O PV, presidido por José Luiz Penna, secretário de Meio Ambiente de Alckmin, e o PHS também orbitam na área de influência do governador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.