Na ONU, Bolsonaro diz que a Amazônia 'permanece intocável'

O presidente brasileiro salientou também que líderes estrangeiros promovem um ataque à soberania do Brasil e agem com 'espirito colonialista', mas não citou nomes

por Giselly Santos ter, 24/09/2019 - 11:26 Atualizado em: ter, 24/09/2019 - 11:33
Presidência da República/Flickr Presidência da República/Flickr

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta terça-feira (24), durante a abertura da 74ª reunião de cúpula assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que acontece em Nova York que rechaçava os ataques que o país vinha sofrendo diante do que chamou de “mentiras” sobre a floresta amazônica e convidou os líderes mundiais presentes no encontro para visitarem o país e constarem a manutenção da preservação ambiental. 

Acompanhado pela índia Ysani Kalapalo, o presidente fez questão de ressaltar a presença dela na delegação brasileira ao abrir sua fala sobre o assunto e  observar que o seu governo “tem o compromisso solene com a preservação do meio ambiente”. “Nossa Amazônia é maior que toda a europa ocidental e permanece intocável. Prova que somos um dos países que mais protege o meio ambiente”, salientou o presidente. 

No discurso, Bolsonaro alfinetou líderes estrangeiros que, segundo ele, promovem um ataque à soberania do Brasil. “Nesta época do ano o clima seco favorece as queimadas naturais e criminosas,  existe queimadas praticadas por índios e suas populações locais. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos despertaram nosso sentimento patriota”, argumentou. 

"É uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania", acrescentou Bolsonaro.

Sem citar o nome do presidente da França, Emmanuel Macron, mas deixando claro que era dele que ele estava falando, o presidente também disse que “de forma desrespeitosa e com espírito colonialista, questionaram aquilo que é mais sagrado” para o Brasil e, no G7, quiseram aplicar sanções ao país sem que ele fosse ouvido. Neste momento, Bolsonaro aproveitou para afagar o presidente americano, Donald Trump, a quem agradeceu por “respeitar a liberdade a soberania”. 

Terras indígenas

Jair Bolsonaro também passou boa parte da sua intervenção na assembleia da ONU falando sobre as terras indígenas no Brasil. O presidente salientou que 14% do território nacional pertence às etnias e não pretende ampliar para 20% como defendem líderes estrangeiros.  

“Nossos nativos são seres humanos, exatamente como qualquer um de nós. Eles querem e merecem usufruir dos mesmos direitos de que todos nós. Quero deixar claro: o Brasil não vai aumentar para 20% sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de Estados gostariam que acontecesse”, esclareceu.

Além disso, Bolsonaro também disse que a visão de um líder indígena não representa todos os índios brasileiros e mencionou como tal, o Cacique Raoni. 

“Existem, no Brasil, 225 povos indígenas, além de referências de 70 tribos vivendo em locais isolados. Cada povo ou tribo com seu cacique, sua cultura, suas tradições, seus costumes e principalmente sua forma de ver o mundo”, disse. “A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o Cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”, emendou.

De acordo com o chefe do Executivo brasileiro, dentro e fora do Brasil há quem queira manter os “índios como verdadeiros homens das cavernas”, mas agora o país tem um presidente que “se preocupa com aqueles que lá estavam antes da chegada dos portugueses”. 

Na fala aos líderes mundiais na assembleia da ONU, o presidente também citou que há interesses “especialmente das terras mais ricas do mundo” que, segundo ele, estão, por exemplo, nas reservas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol onde existe “grande abundância de ouro, diamante, urânio, nióbio e terras raras, entre outros”.

“Isso demonstra que os que nos atacam não estão preocupados com o ser humano índio, mas sim com as riquezas minerais e a biodiversidade existentes nessas áreas”, cravou.

Histórico

Desde 1949, o Brasil abre o debate central da assembleia da ONU, mas nem sempre os discursos foram feitos pelos presidentes. De acordo com dados da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), Bolsonaro foi o oitavo chefe de Estado brasileiro a discursar. O primeiro foi João Baptista Figueiredo, em 1982. Até hoje, foram 20 discursos presidenciais no evento. 

Respeitando a tradição, também há a previsão de outros 37 pronunciamentos da reunião com os líderes dos países que integram a ONU. Além dele, também é esperado os discursos do presidente dos EUA, Donald Trump. da França, Emmanuel Macron; e da Argentina, Maurício Macri.

Jair Bolsonaro retorna ao Brasil ainda nesta terça-feira. 

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