Maia defende "redução de danos" do pacote anticrime

Reunidas com o presidente da Câmara, mães que perderam filhos assassinados por policiais apresentaram uma carta com sugestões

ter, 08/10/2019 - 20:14
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ouviu nesta terça-feira (8) de mães que perderam filhos assassinados por policiais críticas ao chamado pacote anticrime, que está em análise na Casa.  Segundo Maia, o papel do parlamento é "reduzir danos", uma vez que a pauta de segurança pública do presidente Jair Bolsonaro já está colocada desde a eleição.

"Vamos respeitar a legitimidade do presidente, mas mostrando a ele que, em alguns temas, a gente precisa ter um ponto de equilíbrio, para que possamos avançar e que esse avanço não seja à custa de vidas de nossas crianças. A gente sabe que nada recupera a perda de um filho", disse Maia, que pretende repassar ao líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), a tarefa de coordenar uma pauta que atenda às reivindicações apresentadas.

Reunidas com o presidente da Câmara, as mães apresentaram uma carta com sugestões e cobraram uma posição da Câmara em relação a trechos do pacote anticrime que, segundo elas, podem aumentar ainda mais o número de assassinatos praticados por policiais em áreas carentes do País.

"Sabemos que temos um presidente eleito com uma agenda diferente daquilo que vocês acreditam e que eu e [o deputado Alessandro] Molon, majoritariamente, acreditamos. Ele [Bolsonaro] tem direito de propor uma pauta e o nosso papel, nesses casos, é tentar reduzir danos", concluiu Maia.

Excludente de ilicitude

Bruna Silva, que perdeu o filho Marcos Vinícius em junho durante uma operação policial na favela da Maré, no Rio de Janeiro, criticou especificamente mudanças previstas no pacote anticrime no excludente de ilicitude, que poderia ser usado para eximir de culpa policiais em situações de confronto.

"Será que essa casa está pronta para aprovar isso? Se aprovar, vai ser muito sangue derramado.  E nós vamos vir aqui cobrar.  Se é a casa do povo, porque só sai lei que vai nos prejudicar", disse ela, em tom de indignação.

Maia voltou a defender uma avaliação criteriosa sobre o excludente de ilicitude, a fim de decidir se é realmente necessária qualquer alteração, e se comprometeu a encaminhar a todos os deputados a carta com as sugestões apresentadas pelas mães.

*Da Agência Câmara Notícias 

 

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