Marcos Valério disse que Lula mandou matar Celso Daniel
A informação foi publicada pela revista Veja, que disse ter tido acesso a um depoimento do operador do mensalão ao Ministério Público de São Paulo contando detalhes sobre o crime
O empresário Marcos Valério afirmou em depoimento ao Ministério Público de São Paulo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos mandantes do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O crime aconteceu em 2002. A informação foi publicada pela revista Veja, que disse ter tido acesso ao documento que descreve a oitiva de Valério.
De acordo com a reportagem, o operador do mensalão disse no depoimento que Lula e outros petistas foram chantageados, em 2003, pelo empresário Ronan Maria Pinto, que acusou o ex-presidente de ser mandante do assassinato.
Valério afirma que foi chamado para uma reunião no Palácio do Planalto naquele ano pelo então chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, que o contou da chantagem e pediu que o silêncio do empresário fosse comprado. Depois disso, detalha a matéria, o operador do mensalão se reuniu com Ronan Maria Pinto em um hotel em São Paulo, juntamente com o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para autorizar um pagamento de R$ 12 milhões a Ronan, mas antes disso ele teria revelado o motivo da chantagem.
“Na reunião, Ronan Maria Pinto deixou bem claro que não iria responder pelos fatos sozinho, 'pagar o pato', conforme se expressa; Que Ronan Maria Pinto afirmou com muita clareza e um modo simples que lhe é próprio que iria apontar o presidente Lula como mandante da morte do prefeito Celso Daniel, utilizando-se da expressão 'apontá-lo como o cabeça da morte de Celso Daniel'”, conta do trecho do documento divulgado pela Veja.
A motivação que justificaria o envolvimento de Lula, aponta a reportagem, foi o fato de que Celso Daniel se comprometeu com o pagamento de uma caravana de Lula durante campanha, mas não quis envolver a prefeitura daquela cidade em casos de corrupção. Até hoje, as investigações apontam que a morte do então prefeito foi um crime comum e não interliga motivações políticas. Ainda de acordo com a reportagem, foi instaurada uma investigação sigilosa para apurar o depoimento de Marcos Valério.
O PT e o ex-presidente não se posicionaram sobre o assunto até o momento.