Collor diz que sofreu impeachment por não saber 'ouvir'

“Posso afirmar, com a experiência que tive na Presidência da República, que um dos maiores defeitos nos quais aqueles que presidem o país podem incorrer é não ouvir", disse no Senado

ter, 19/11/2019 - 16:12
Antônio Cruz/Agência Brasil Antônio Cruz/Agência Brasil

O senador Fernando Collor (Pros-AL) afirmou nesta terça-feira (19), em Plenário, que a situação atual exige de todos, independentemente de filiação partidária, a união de esforços para evitar que o Brasil entre num colapso institucional.

O alerta de Collor foi feito em pronunciamento no qual analisou a história recente do país, período em que foi protagonista depois de eleger-se presidente da República há exatos 30 anos, e de ter seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos.

Segundo ele, por não ter se preocupado em formar uma base de apoio no Congresso Nacional e por não ter a experiência suficiente para saber ouvir, acabou enfrentando um processo de impeachment pouco depois de assumir o mandato.

“Posso afirmar, com a experiência que tive na Presidência da República, que um dos maiores defeitos nos quais aqueles que presidem o país podem incorrer é não ouvir. É fazer ouvidos de mercador àqueles que clamam ao deserto. É fazer ouvidos de mercador àqueles que podem transmitir alguma coisa de positivo para que faça-se com que o governante pondere, absorva, rejeite, mas que, enfim, pondere, que dê atenção, que dê consideração”, disse.

Interesses contrariados

Fernando Collor lembrou que, durante o seu mandato, imprimiu reformas importantes para controlar a inflação e modernizar a economia do país. E isso, segundo ele, contrariou interesses, justamente num cenário político adverso, em que não contava com o apoio do Congresso Nacional e da imprensa.

Ele ainda revelou que, em julho de 1992, pouco antes da abertura do processo de impeachment, em audiência no Palácio do Planalto, os três ministros militares do governo disseram que as Forças Armadas estavam prontas para a defesa da legalidade.

Collor disse que prontamente agradeceu a preocupação, mas afirmou que não estava disposto a nada que fugisse do que previa a Constituição. Ele lembrou aos militares que se tratava de um processo político, o que exigia, portanto, uma solução política.

*Da Agência Senado

 

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