Deputado que pediu impeachment recebeu 15 mil ameaças

Em entrevista à revista Veja, Leandro Grass (Rede) disse que as ameaças se intensificaram depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou notícia sobre a solicitação de abertura do processo

qua, 18/03/2020 - 12:08
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O deputado distrital Leandro Grass (Rede) disse que recebeu cerca de 15 mil ataques nas redes sociais após protocolar o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na Câmara dos Deputados. Em entrevista à revista Veja, ele disse que as ameaças se intensificaram depois que o deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), compartilhou notícia sobre a solicitação de abertura do processo.

“Existe um exército de apoiadores que atacam com virulência. Recebi cerca de 15.000 mensagens de ataques, algumas falando para eu não sair na rua e ameaçando minha integridade física, após o deputado Eduardo Bolsonaro postar sobre o pedido no Twitter dele. Estou selecionando as ameaças e farei um boletim de ocorrência”, detalhou o deputado distrital.

No Instagram, Grass selecionou algumas das ameaças. "Não esqueça que o povo tá com Bolsonaro. Foi um tiro no pé e você não será esquecido", diz uma delas. “Vai trabalhar seu filho da puta, o dinheiro acabou seu queimador de rosca vagabundo, maconheiro. Se eu te encontrar um dia vou te arrebentar na pancada”, aponta outra.

Leandro Grass pediu que Bolsonaro fosse processado por cinco crimes de responsabilidade e disse ter tomado a decisão porque “ se fez necessário principalmente após o episódio de domingo”. “O presidente Jair Bolsonaro convocou uma manifestação contra o Congresso e o STF e, além desse ato não ter amparo em lei, ele próprio foi à manifestação sabendo da pandemia do coronavírus”, explicou, apontando motivos para a destituição do cargo.

“A sociedade não aguenta um presidente que viola regras básicas. Sabemos com o processo de impeachment é um ato político também, mas vejo o mercado bem insatisfeito com Bolsonaro. O câmbio está alto, a economia está ruim e agora o coronavírus deve agravar ainda mais as coisas. O Brasil não pode esperar nada de um governante que desacredita as instituições e afronta a democracia. Há alguns ministros bons trabalhando, como o Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). Mas daí o presidente vem e boicota o Mandetta justamente durante a crise do coronavírus”, acrescenta o parlamentar.

Ainda na entrevista à revista Veja, o deputado distrital também diz que ainda não chegou a falar com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o assunto. É Maia que precisa autorizar o início do processo para que o impeachment seja avaliado. “Espero em breve conversar com ele. O meu desejo é que o impeachment aconteça o mais breve possível, que o Maia acate e coloque os trâmites em andamento”, disse.

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