Pandemia pode definir corrida presidencial de 2022

Ao LeiaJá, o cientista político Elton Gomes, detalhou quais as chances dos possíveis candidatos

por Jameson Ramos ter, 19/05/2020 - 08:00
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A pandemia está modificando a realidade do mundo todo e até as possibilidades do que pode vir a acontecer na corrida presidencial de 2022. Até lá, a covid-19 deve ter passado, mas a forma que ela foi enfrentada e os resquícios deixados definirão o cenário político. “Quanto mais tempo a pandemia dura, maiores são os impactos políticos, econômicos e sociais e isso tende a fustigar qualquer governo”, avalia o cientista político Elton Gomes.

Com vários pedidos de impeachment protocolados contra o presidente da República por conta das suas ações diante da pandemia e a acusação mais grave, feita pelo seu ex-ministro da Justiça Sergio Moro, de interferência política na Polícia Federal, para se apresentar para a reeleição Bolsonaro precisa conseguir terminar o seu primeiro mandato.

O grande fator para que o presidente da República perca o seu mandato é a falta do apoio parlamentar. Se a estratégia de Bolsonaro não for bem sucedida e não conseguir angariar o apoio do centrão distribuindo cargos e verbas, como já começou a fazer dando o Banco do Nordeste, o DNOCS e outros postos federais para o centrão - que é composto por 14 partidos e 215 cadeiras no Congresso, pode não ter a chance de barrar o processo.

O cientista Político Elton Gomes aponta quatro forças para 2022. A primeira seria o próprio presidente da República, que busca reeleição. O outro candidato que tende a se colocar é um candidato da esquerda, e provavelmente, este candidato deve ser colocado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que é o principal partido da oposição e que é hegemônico na esquerda a despeito de alguns ensaios, como aquele que foi feito por Ciro Gomes, Marina Silva e outras forças que querem se colocar como alternativa mais à esquerda. “No entanto, eles não conseguiram fazer corpo político eleitoral e nem tem uma militância orgânica como o PT, que apesar dos pesares está muito fustigado, desmobilizando o seu principal chefe que é o ex-presidente Lula”, observou.

O estudioso também avalia que o ‘fator Lula’ pesa para a esquerda, mas talvez ele não consiga colocar seu nome na corrida eleitoral. “Ele sofre uma quantidade grande de processos que correm em paralelo e toda vez que ele consegue alguma vitória em um, o outro avança. São oito processos, ele já foi condenado em dois e a tendência que foi estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal é que quando ele for condenado no STF, o que é muito provável, ele deve ser reconduzido para a prisão”, analisa Gomes.

Por isso, assim como o líder petista fez em 2018, a tendência é que endosse o nome de um outro candidato. “O problema é que os quadros do PT não têm mais aquela diversidade que tinha. Em 2018 lançaram a candidatura de Haddad, que era um candidato pouco performático, tinha perdido a campanha para a reeleição para a prefeitura de São Paulo, sendo o primeiro prefeito - desde a redemocratização - que não conseguiu ser reeleito na capital paulista”, salienta Elton.

O Senador da Bahia, Jaques Wagner, e o governador do Ceará, Camilo Santana, são os nomes que podem estar no radar do PT para disputar a corrida presidencial, mas nenhum deles até agora parece ser tão próximo de Lula ao ponto dele endossar.

O cientista político aponta ainda outra possibilidade forte para a corrida presidencial, um candidato de centro-direita, que pode vir de uma aliança entre o Democratas, PSDB, fora alguns elementos do centrão e do MDB, que é o maior partido representado no Brasil. Os possíveis candidatos dessa aliança podem ser: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); O governador do Goiás, Ronaldo Caiado (DEM);  ou até mesmo alguém que não está no radar, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

“O próprio outsider pode ser o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que não tendo mais meios para se manter na área jurídica, a perspectiva é que entre para a vida pública. Mas acho pouco provável porque você não começa a sua vida política concorrendo à presidência da República”, pontua Elton.

Inclusive, segundo mostra um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas, com Moro na corrida presidencial ele assumiria a segunda colocação com 18,1%, perdendo apenas para Bolsonaro, que teria 27% dos votos. Mesmo diante desse cenário, o que parece é que nada está definido para a próxima corrida presidencial. O principal nome da esquerda está impedido, pela lei da ficha limpa, de concorrer, Bolsonaro está passando por uma turbulência política e a ponto de passar por um processo de impeachment.

 

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