Damares diz que criança estuprada devia ter feito cesárea

Em entrevista, Damares deixou sua opinião sobre a menina que engravidou do tio após estupro e fez um aborto legal

sex, 18/09/2020 - 10:00
Fábio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil Fábio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil

A ministra Damares Alves participou do programa “Conversa com Bial”, na madrugada desta sexta-feira (18), e deixou clara sua opinião sobre o caso da criança abusada sexualmente pelo tio, dos seis aos dez anos, e que precisou sair do Espirito Santo para realizar um aborto legal no Recife.

Damares afirmou que a criança deveria ter levado a gravidez adiante e realizado uma cesárea. "Eu acredito que o que estava no ventre daquela menina era uma criança com quase seis meses de idade e que poderia ter sobrevivido. Discordo do procedimento do Dr. Olímpio, mas discordo de tudo o que aconteceu em torno dessa criança", observou.

A ministra ainda defendeu que deveria ter sido realizada uma antecipação do parto. "Os médicos do Espírito Santo não queriam fazer o aborto, eles estavam dispostos a fazer uma antecipação de parto. Seriam mais duas semanas, não era ir até o nono mês, a criança [não iria] ficar nove meses grávida. Mais duas semanas e poderia ter sido feito uma cirurgia cesárea nessa menina, tiraria a criança, colocaria em uma incubadora e se sobrevivesse, sobreviveu. Se não, teve uma morte digna", declarou.

O caso ganhou repercussão nacional e um vazamento dos dados pessoais da criança levou um grupo de radicais religiosos para a unidade de saúde onde a menina foi encaminhada no Recife, na tentativa de impedir a interrupção da gestação, realizada pelo Dr. Olímpio Moraes Filho e autorizada judicialmente pelo juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara de Infância e da Juventude de São Mateus.

Questionada sobre a suspeita de que seus dois assessores teriam vazado informações da criança, Damares afirmou que não foram eles os responsáveis pelo crime e disse por a mão no fogo pela equipe. “A nossa equipe foi à cidade com um deputado estadual e as três reuniões que fizemos lá foram com muitas pessoas juntas na delegacia, no Conselho Tutelar e na Secretaria de Ação Social. Em momento algum os profissionais disseram para os nossos técnicos o nome dessa menina. Mesmo porque não era só com essa menina que o ministério estava preocupado, era com todo o contexto em São Mateus. Naquela cidade existem outros casos, inclusive, há uma menina de 11 anos que já está com um bebê no colo”, disse.

A ministra encerrou a conversa com o apresentador afirmando que não tem interesse em ser vice do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, nem mesmo de assumir um cargo no STF, que deseja apenas encerrar seu trabalho e voltar a lecionar. “Quero cumprir a minha missão como ministra que é entregar esse ministério. Meu desejo é parar, me aposentar, cuidar da minha filha e se eu puder voltar a uma atividade pública, gostaria muito de voltar para a alfabetização de crianças, que é onde comecei", contou.

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