Bolsonaro deu 'tiro de misericórdia' nos pobres, diz Lula

O ex-presidente criticou a redução do auxílio emergencial e disse que a fome não pode ser naturalizada no país

por Giselly Santos sex, 16/10/2020 - 12:22
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou as redes sociais para fazer mais um pronunciamento nacional, nesta sexta-feira (16). O líder petista falou sobre a fome, aproveitou o Dia Mundial da Alimentação para alertar quanto ao retorno do problema ao país e afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu um "tiro de misericórdia" nos pobres ao reduzir pela metade o auxílio emergencial. 

"A fome é um tormento social que resulta, principalmente, de opções econômicas feitas governantes. A fome é um flagelo que só terá fim quando distribuirmos a riqueza. Não podemos naturalizar a fome", cravou Lula, após fazer um discurso incisivo sobre o contexto do país ao  mencionar impactos da Covid-19. 

“Bolsonaro disparou um tiro de misericórdia contra os pobres e reduziu pela metade o valor do auxílio emergencial, de R$ 600 para R$ 300, além de excluir um grande número de beneficiários do programa. E avisou: o auxílio emergencial acaba em dezembro, mesmo que a pandemia continue. É imperioso manter o auxílio emergencial de 600 reais enquanto durar a pandemia. Conclamo todos a apoiarem a campanha lançada pelas centrais sindicais, exigindo do Congresso a imediata votação dessa medida. Nenhum real a menos”, enfatizou.

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O ex-presidente lamentou o fato dos preços dos alimentos estarem em alta. “Lamentavelmente o Brasil não tem o que festejar no Dia Mundial da Alimentação. Ao contrário. Vivemos dias muito difíceis. Em meio a uma pandemia que já ceifou 150 mil vidas, os preços dos principais alimentos dispararam. O arroz subiu quase 20% desde o início do ano. O feijão, quase 30%. O leite, mais de 20%. Alguns produtos de primeira necessidade desapareceram dos supermercados. Tudo indica que os preços continuarão subindo nos próximos meses. É a face mais cruel do terrível fantasma da fome”, frisou o ex-presidente.

Lula aproveitou o discurso também para lembrar que durante a gestão petista, o país foi declarado fora do Mapa Mundial da Fome da ONU, mas, segundo ele, “depois do golpe contra a presidenta Dilma, o país deu marcha a ré”.

“É inaceitável que no Brasil tantos homens, mulheres e crianças não tenham o que comer. Afinal, somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Este ano, a safra de grãos deve bater novo recorde: 257 milhões de toneladas. Ou seja, produzimos mais de uma tonelada por habitante, o suficiente para que cada brasileiro tivesse acesso a três quilos de grãos por dia”, afirmou.

“Saber que a Humanidade produz mais alimentos do que consome significa afirmar que a fome não é um problema causado pela natureza. A fome é resultado da irresponsabilidade e da insensibilidade de governantes que não têm interesse em enfrentar e curar essa chaga”, completou.

Ainda na ótica de Lula, “a fome é a arma de destruição em massa mais poderosa e perigosa que qualquer outra que o homem tenha inventado”. Por fim, o ex-presidente também disse que seu desabafo era um “chamamento a todos os homens e mulheres de bem que ainda conseguem se indignar com a volta da fome ao nosso país”.

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