Aprovação de Bolsonaro cai para 24%, pior índice até agora

Em pesquisa do instituto Datafolha, 54% dos entrevistados também afirmaram não votar no atual presidente em 2022

por Kauana Portugal qui, 13/05/2021 - 11:00
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Presidente Jair Bolsonaro Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alcançou a marca de 24% de aprovação entre os brasileiros, este é o pior percentual desde o início de seu governo em 2019, segundo a pesquisa divulgada, nesta quinta-feira (13), pelo instituto Datafolha. Realizado entre os dias 11 e 12 de maio, o levantamento conversou com 2071 pessoas de 146 municípios brasileiros e a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

O Datafolha mostra ainda que a maior queda de popularidade aconteceu de dezembro para cá, culminando no momento em que o governo enfrenta uma CPI no Senado que apura a responsabilidade do Executivo no descontrole da crise sanitária ocasionada pela Covid-19. A fatia de ótimo ou bom, que no último mês de 2020 batia recordes de 37%, foi caindo gradativamente até chegar no atual patamar de 24%, uma queda de 13 pontos percentuais.

Grupos que consideram o mandato ruim ou péssimo, que em dezembro correspondiam a 32%, sinalizam 45% na nova pesquisa, enquanto outros 30% avaliam a gestão como regular, percentual maior do que os 24% do mês de março, quando a última pesquisa foi divulgada; 1% não opinou.

Esta também é a primeira vez que Jair Bolsonaro enfrenta, ao mesmo tempo, o menor percentual de aprovação, e o maior de rejeição, que bateu a marca de 54% de pessoas que afirmam não votar no atual presidente para as eleições de 2022.

Reprovação por grupos

Nos grupos específicos, a pesquisa também expõe dados que variam. A aprovação é mais elevada entre os homens (29% deles consideram o governo ótimo ou bom) do que entre as mulheres (entre elas, a porcentagem cai para 21%).

O recorte por idade também expõe a fragilidade do governo entre os votantes com 16 a 24 anos, onde apenas 13% acham a gestão ótima ou boa. A maior aprovação de Jair Bolsonaro é encontrada na faixa dos que têm 60 anos ou mais, em que 29% expressam opinião positiva.

Já a segmentação por escolaridade demonstra impopularidade maior entre os que têm maior acesso à educação. Enquanto entre os brasileiros com ensino superior chega a 57% a taxa de ruim ou péssimo, o percentual cai para 40% entre as pessoas com apenas o ensino fundamental completo.

Seguindo a mesma toada, quando o critério é renda, a maior rejeição se encontra na faixa acima dos dez salários mínimos mensais: 63% consideram o governo ruim ou péssimo. O número recua para 45% entre aqueles com até dois salários, se mantém nos 45% no grupo de dois a cinco salários e chega a 47% no de cinco a dez.

Também chama atenção a comparação regional. O Nordeste e o Sudeste dão ao governo Bolsonaro, respectivamente, 51% e 47% de desaprovação, enquanto os maiores índices de ótimo ou bom se apresentam nas regiões Centro/Oeste, com 31% e Sul, 29%.

Existe também uma maior tendência de reconhecimento positivo à gestão federal em municípios do interior. Nas regiões metropolitanas, 50% acham o governo ruim ou péssimo, percentual que diminui para 41% nas cidades de menor porte.

O critério racial também é decisivo na pesquisa, já que no grupo dos que se declaram pretos o governo enfrenta uma reprovação de 53%. Já entre os brancos, 27% atestam ótimo ou bom à gestão de Bolsonaro, taxa semelhante ao que ocorre entre os pardos (24%); entre os pretos, são 18%.

A aprovação do chefe do Executivo bate 33% entre os evangélicos, grupo que historicamente apoia o presidente. O número despenca para 23% entre católicos e 15% entre espíritas/kardecistas. Este terceiro grupo é o que mais demonstra insatisfação (69% de ruim ou péssimo).

Na categoria ocupação principal, o empresariado também se mantém firme ao lado de Jair Bolsonaro, com a reprovação fixada em 26%, o melhor resultado para a gestão. Por outro lado, a classe dos funcionários públicos contabiliza 58% de pessoas que acham o governo ruim ou péssimo.

Na sequência da rejeição demonstrada entre servidores públicos, estão: estudantes (57%), desempregados em busca de emprego (53%), e assalariados sem registros na carteira (50%).

Lula x Bolsonaro

Os dados divulgados pelo Datafolha também mostraram um caminho difícil para Jair Bolsonaro em sua tentativa de reeleição em 2022. Segundo as entrevistas, o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário, lidera a corrida para a Presidência, com uma margem confortável de 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro.

Em um segundo lugar, embolados, aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido), com 4%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obteve 3%, e empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoedo (Novo).

Quando somados, os adversários de Lula alcançam 47% das intenções de voto, apenas seis pontos percentuais a mais que o ex-presidente. Outros 9% disseram que pretendem votar em branco, nulo, ou em nenhum candidato, e 4% estão indecisos. Em um eventual segundo turno, Lula também sinaliza vantagem, com uma margem de 55% contra 32% de Bolsonaro.

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